Inês Sousa Real recusa demitir-se do PAN e diz que "perspetiva sebastianista" de André Silva é uma "falta de noção"

4 fev 2022, 22:55

Porta-voz do partido fala em "erro estratégico" da liderança anterior e diz que “só o André Silva é que poderá explicar o porquê de há oito meses atrás dizer que ia apanhar o comboio da paternidade e agora vir fazer estas críticas"

Perante a "disponibilidade" de André Silva para regressar à liderança do Partido Animais e Natureza (PAN), Inês Sousa Real afasta a possibilidade de deixar o cargo de porta-voz do partido. "Não acho que exista qualquer tipo de circunstância que me leve a ter de me demitir", referiu a número um do partido à CNN Portugal.

“Neste momento, não acho que exista qualquer tipo de circunstância que me leve a ter de me demitir. Acho que tem de ser feita uma reflexão interna no partido. (…) Se desta reflexão interna surgir uma ausência de confiança naquilo que é a liderança desta direção, evidentemente, que não estarei a impor a minha presença onde não sou desejada”, disse.

Inês Sousa Real acusa o antigo líder do PAN de "falta de noção" e classifica esta posição pública como "incompreensível por parte de alguém que deixou o partido há mais de oito meses, que deixou um mandato a meio na Assembleia da República". A atual porta-voz critica ainda o "timing" de André Silva, que diz ser "manifestamente inoportuno".

A porta-voz do PAN lembra ainda que, "há oito meses atrás", André Silva disse que "ia apanhar o comboio da paternidade" e agora "critica o trabalho dos outros vem com uma perspetiva sebastianista de voltar ao partido quando efetivamente não participou nem passou a pasta”.

Para Sousa Real, "só André Silva poderá explicar o porquê" de se ter manifestado neste momento - após o resultado das legislativas em que o partido elegeu apenas uma deputada, a própria líder partidária.

“Aquilo que são as vozes dissidentes de quem saio e optou por não fazer o debate em coletivo valem o que valem. Recordo que Cristina Rodrigues também diabolizou André Silva e disse que tinha uma liderança tóxica”, referiu.

Derrota do PAN nas legislativas

Quanto aos resultados nas legislativas, Inês Sousa Real realça que “não é uma liderança de sete meses que consegue arrumar a casa e reestruturar aquilo que foram perdas significativas e que causaram dano" como "a saída de um eurodeputado" e "de uma deputada da Assembleia da República”.

A porta-voz acredita, no entanto, que este resultado “não é demérito do PAN da mesma forma que não é demérito de nenhuma outra força política que decresceu”, lembrando que se verificou uma “deslocação de votos que inesperadamente deu este resultado” - maioria absoluta do PS.

Em tom crítico à liderança de André Silva, Sousa Real afirmou que a decisão de apoiar Ana Gomes, nas presidenciais, em vez de apresentar um candidato próprio foi um "erro estratégico".

“Devíamos ter tido um candidato próprio. (…) É claro que se começa a perder eleições, quando não vamos sequer a jogo com novas forças políticas que se começaram a afirmar neste momento”, culminou.

 

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