Quanto custa viver num palácio em Portugal?

17 set 2022, 08:01
Palacete de Elvas, Elvas

Há mais de dois mil palácios, palacetes e casas históricas em Portugal. Os proprietários garantem que os custos de viver em edifícios antigos e grandes ascendem a mais de 50 mil euros por ano. Por causa da subida do custo de vida, são muitos aqueles que pensam em vender

Viver num dos 2.169 palácios, palacetes e casas históricas em Portugal custa às famílias que os herdaram, em média, 54 mil euros por ano. A maior fatia da despesa está relacionada com a manutenção e conservação de telhados e fachadas, mas também com o custo da eletricidade e do gás. As conclusões são de um estudo inédito feito pela Associação Portuguesa das Casas Antigas (APCA), a que a CNN Portugal teve acesso. 

Segundo o mesmo, o total de despesa que todos os proprietários deste tipo de casas tem anualmente ascende a 122 milhões de euros. "Vamos tentar obter algum apoio institucional junto do Governo e também ao nível das Câmaras Municipais para manter fachadas, coberturas e jardins, no fundo o que o público vê", diz António Maria de Mello, presidente da APCA, garantindo que se esse apoio não for dado, muito do "charme" que atrai turistas vai acabar por desaparecer. 

A associação garante que outra das razões pelas quais o Estado devia garantir apoios à manutenção destas propriedades prende-se com o valor que representam para a economia nacional. "Acho que as pessoas não têm a noção do que nós somos, pensam que isto são só casas de pessoas ricas e, portanto, não é preciso apoiar. Não, não é nada disso. Nós empregamos cerca de 4 mil pessoas e pagamos 770 milhões de euros em impostos por ano", sublinha o presidente da APCA.

A área dos terrenos circundantes destas casas também é responsável pela criação de emprego. Segundo o estudo, quanto maior o terreno for, maior é o número de postos de trabalho. "Por exemplo, 54% das casas históricas com terrenos circundantes com uma área inferior a 1 hectare geram emprego. Por outro lado, esta percentagem é substancialmente superior em casas com terrenos circundantes de maior dimensão: se o terreno for de 50 hectares, então esta percentagem alcança os 90%", aponta o estudo, que realizou um inquérito junto dos proprietários dos mais de dois mil edifícios históricos identificados em Portugal.

No entanto, a subida do custo de vida por causa da guerra na Ucrânia e da pandemia estão a deixar vários proprietários sem margem para suportar os custos. "Nem toda a gente consegue pagar este tipo de valores todos os anos e acabam por pensar em recorrer à outra alternativa, que é entregar as casas ao Estado", conta António Maria de Mello.

É na região Norte (48,3%) e Centro (22,6%) que estão a maior parte das casas históricas em Portugal Continental e uma grande fatia obtém rendimentos da propriedade. De acordo com o estudo, o contributo económico anual total destas casas ascende aos 434 milhões de euros em atividades que vão desde o alojamento local à realização de visitas guiadas, exposições, espetáculos e atividades de caça e equitação.

"Estas casas históricas conseguem alcançar 1,75 milhões de visitantes todos os anos e também têm uma dimensão turística importante. 22% realizam atividades de alojamento e, em 2019, cada uma contabilizava 859 hóspedes", indica António Maria de Mello.

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