Benfica-P. Ferreira, 2-0 (crónica)

Luís Pedro Ferreira , Estádio da Luz, Lisboa
9 jan 2022, 20:11

Grimaldo meteu a obra de arte numa moldura vermelha

Um jogo na Luz (ou em qualquer outro estádio) nunca é meramente um duelo entre duas equipas. É, sobretudo, uma manifestação. Dos adeptos que aqui vêm e, na Luz, sobretudo, dos benfiquistas. De apoio ou protesto, a maior assembleia que o Benfica tem é o dia de jogo da equipa de futebol na Luz. É aqui que se vê o estado das coisas. E o estado final neste domingo é que as águias encurtaram para quatro a distância para um dos rivais: o Sporting. 

O Benfica vinha de duas derrotas pesadas no Dragão, mudou de treinador, teve o antigo presidente nas manchetes de novo, mas o povo encarnado foi paciente. Apoiou de início a fim uma equipa que não foi apaixonante, mas que avançou após um sinal vermelho: este jogo com o Paços de Ferreira ficará para sempre marcado pela cor do cartão a Denilson, muito mais do que as estratégias de Veríssimo e Peixoto.

Um jogo na Luz também é isso mesmo. Um jogo de futebol com táticas e estratégias e intérpretes. A do Benfica manteve-se fiel ao Dragão: em 4x4x2 com nomes diferentes. Fica por saber, devido às condicionantes físicas, se Veríssimo mudaria algo por opção. Já Peixoto fechou-se em 5x4x1.

Fechar é mesmo um bom termo. O Paços preferiu esperar. Deixou o Benfica construir e só pressionou no próprio meio-campo. Daí que os visitantes pouco se tivessem visto, nos 45 iniciais, junto à área do Benfica.

Já André Ferreira, aos dois minutos, estava a trabalhar. O Benfica não foi exuberante em 45 minutos, mas criou o suficiente para sair com vantagem mínima. Porquê? Sobretudo porque Everton e Grimaldo combinavam bem na esquerda e o brasileiro, no um para um, desequilibrou quase sempre. O problema esteve, portanto, em dois aspetos: na cadência dos lances de perigo e na eficácia da finalização.

Seferovic, mas sobretudo Gonçalo Ramos, tiveram boas ocasiões para fazer o 1-0, mas teve de ser João Mário, perante uma baliza sem ninguém, a desbloquear tudo. E este minuto merece uma pausa, porque ele foi longo…

O Paços ficou reduzido a dez unidades por expulsão de Denilson, esquentou-se por causa dos critérios do árbitro, encheu-se de raiva, mas esqueceu-se do fundamental: que a bola era para se jogar e, perante este adversário, desfocar do essencial é fatal.

A obra de arte para emoldurar

O segundo tempo foi quase todo ele expectável. Quase porque o que não estava no plano era o Paços ter assustado como assustou, com um remate que Helton Leite defendeu. O 1-1 esteve ali perto.

Com um Benfica paciente dentro e fora de campo, Veríssimo começou a trocar peças. O jogo iria terminar com a sensação de que os encarnados podiam ter goleado, tamanho foi o desperdício, sobretudo de Darwin Nuñez. Ainda assim, aquele golo de Grimaldo devia ter valido por três, tamanha foi a beleza.

Uma obra de arte do espanhol, tão diferente desta crónica que está a ler. Mas também lhe digo, este Ferreira não foi o pior que passou na Luz, nesta noite.

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