O que é a ECMO? Guia de seis pontos para compreender a técnica que salva vidas (na covid-19 e não só)

7 fev 2022, 11:32
Ambiente hospitalar em tempos de pandemia

O tratamento com suporte de ECMO tem sido um dos aliados nos casos graves de covid-19. À CNN Portugal o pneumologista pediátrico Manuel Ferreira de Magalhães, que acompanhou o bebé de 13 meses até ao Hospital de São João, explica em que consiste

A ECMO é considerada uma técnica que salva vidas e tem sido um suporte utilizado com frequência em cuidados intensivos nos casos de doença grave de covid-19. 

Esta técnica, que substitui temporariamente os pulmões e o coração, foi aplicada por exemplo este sábado no caso de um bebé de 13 meses, após complicações cardíacas causadas pela covid-19. Também no mês passado esta técnica já tinha também sido notícia. Na altura, uma mulher grávida de 35 anos anos necessitou deste suporte. De acordo com dados publicados pelo Jornal de Notícias, os hospitais portugueses já recorreram a esta técnica em 314 pacientes com covid-19. A idade média de pessoas que necessitam deste suporte de vida é de 51 anos. 

Manuel Ferreira de Magalhães, pneumologista pediátrico e professor auxiliar convidado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) e na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e clínico que acompanhou o bebé de 13 meses do Centro Materno Infantil do Norte para o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) explica à CNN Portugal em que consiste a ECMO.

O que é a ECMO?

A sigla ECMO vem de ExtraCorporeal Membrane Oxygenation, ou oxigenação por membrana extracorporal. “É uma técnica life saving [salva vidas], uma máquina que substitui a função que é dada ao coração e ao pulmão quando existe uma disfunção destes dois órgãos”, explica Manuel Ferreira de Magalhães.

O que faz a ECMO?

Na prática, “consiste na remoção de sangue do doente através de um acesso venoso de grande calibre”, que é, depois, “impulsionado por uma bomba centrífuga através de um oxigenador, e é devolvido ao doente através de outra cânula”, explica o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa.

“É a forma de possibilitar um descanso aos órgãos para poderem recuperar”, continua o pneumologista pediátrico.

Durante quanto tempo pode ser usada?

Este circuito extracorporal é “temporária”, mas não há limite de tempo de uso. O médico Manuel Ferreira Magalhães destaca que é “uma técnica de medicina intensiva”, usada “em cuidado agudo” e “fica no paciente o tempo necessário até recuperar”.

Assim que o quadro clínico do paciente se mostrar favorável, dá-se a transição, que é feita de forma “natural, como qualquer transição de técnicas que utilizemos em cuidados intensivos”.

“É o mesmo como quando uma pessoa está a ser ventilada, tem um ventilador a respirar por ela. Retira-se o suporte quando se percebe que o organismo tem necessidade de fazer o seu trabalho sozinho”, esclarece o também professor auxiliar convidado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) e na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Quais os benefícios?

De acordo com o site do Hospital de São João, trata-se de uma técnica benéfica no “suporte respiratório nos doentes com falência respiratória grave, na redução da lesão pulmonar associada à ventilação mecânica, no suporte circulatório nos doentes com choque cardiogénico grave e na redução das complicações associadas ao suporte aminérgico (e.g. arritmias)”.

Quais os riscos?

Ainda segundo o São João, esta é uma “técnica de altos riscos e de custos elevados”.  “Além de todas as complicações associadas ao tratamento em cuidados intensivos”, podem dar-se ainda “complicações associadas à canulação, complicações associadas à anticoagulação sistémica, complicações associadas ao circuito extracorporal”.

“Como em qualquer técnica de medicina intensiva”, frisa o especialista, também esta técnica de bypass cardiopulmunar “tem riscos”, mas Manuel Ferreira de Magalhães destaca que o maior risco é mesmo o estado clínico do paciente. 

“Quem tem necessidade de usar esta técnica está num quadro agudo, está criticamente doente, e portanto há riscos associados à técnica, mas acima de tudo associados à doença que motivou o uso de ECMO”.

É comum ser aplicada em crianças?

Perante o caso do bebé de 13 meses ligado a ECMO no Hospital de São João, o pneumologista pediátrico Manuel Ferreira de Magalhães destaca que “não é comum as crianças ficarem gravemente doentes com covid, felizmente, e ainda menos comum é a necessidade de ECMO”.

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