Presidente da República sublinha que tem "o objetivo político de que haja Orçamento do Estado". "Continuo fisgado nessa, que o Orçamento vai acontecer." Mas deixa aviso: "Qualquer outra solução é má". Pedro Nuno acusa Montenegro de ter feito "provocação infantil" a propósito destas negociações e evoca ainda Marcelo. E é neste ambiente que primeiro-ministro e líder da oposição se vão reunir esta sexta-feira
Esta segunda-feira é "um dia feliz" para o Presidente da República. Afinal, Governo e PS entenderam-se para dar "um primeiro passo" nas negociações em torno do Orçamento do Estado para 2025 vão reunir-se esta sexta-feira, depois da troca de comunicados sobre dificuldades no calendário.
"Já perceberam que o meu objetivo é tentar convencer todos de que vale a pena viabilizar o Orçamento", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, esta segunda-feira, à margem de uma visita ao centro de saúde do Restelo.
É que sem Orçamento "há crise, há crise, há crise", salientou o chefe de Estado - três vezes, para que não haja dúvidas. E especificou que essa crise, além de política, seria também económica. "Com eleições americanas em que ninguém sabe quem vai ganhar, com a Europa a não recuperar economicamente, com as nossas exportações a sofrerem por causa disso, com tanta interrogação quanto às guerras, quer na Ucrânia, quer no Médio Oriente, com tanta dúvida sobre economia, não vale a pena levantar mais um problema", considera o chefe de Estado.
O Presidente da República dá o exemplo da sua postura dos tempos em que foi líder da oposição para mostrar como tem "autoridade moral" para apelar a este entendimento. "Tenho autoridade moral porque foi isso que eu fiz. Quando fui líder da oposição, três vezes, uma vez negociei e duas vezes nem negociei sequer. E fiz isso por uma razão simples: tínhamos de chegar ao euro. Havia uma situação europeia que justificava isso. Hoje há uma situação mundial e europeia que justifica isso."
Marcelo Rebelo de Sousa reagia assim às declarações de Pedro Nuno Santos, também esta segunda-feira, que quis deixar claro que "não é por causa do Partido Socialista que não haverá Orçamento". "Só não haverá orçamento se o Governo não quiser e só haverá eleições antecipadas se o Governo ou se o Presidente da República quiserem", afirmou.
O secretário-geral do PS garante que está "disponível para viabilizar um Orçamento do Estado do PSD", mas sublinha que "obviamente isso implica cedências por parte do Governo", que não quis adiantar para já.
Depois de uma troca de comunicados entre PS e Governo quanto às dificuldades de agenda para marcar uma reunião sobre o processo negocial do Orçamento do Estado para 2025, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos chegaram a um entendimento e vão reunir-se esta sexta-feira, às 15:00.
Esta é a primeira reunião pública entre os líderes dos dois maiores partidos sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, depois de duas rondas negociais entre Governo e partidos da oposição em que o primeiro-ministro não esteve presente (na primeira, por motivos de saúde, na segunda por opção do executivo), o que levou o secretário-geral dos socialistas a também não integrar a delegação do PS.