O futuro malfeitor de João Pereira

14 nov, 18:06
João Pereira no treino do Sporting (Sporting)

«DRIBLE DA VACA» - Opinião de Bruno Andrade

No terceiro jogo a valer sem o indiscutível Ruben Amorim, agora no poderoso e midiático Manchester United, o Sporting, ainda responsável por praticar o melhor futebol em Portugal, entra em campo na estreia de João Pereira na Liga. 

Após um confronto complicadíssimo com o badalado Arsenal, na multimilionária Liga dos Campeões, onde semanas atrás havia goleado o Manchester City do histórico Pep Guardiola, o novo treinador leonino está pronto para defrontar o Santa Clara.

A bola rola em Alvalade. Casa cheia. Debast, Diomande e Gonçalo Inácio, todos de seleção e alvos frequentes dos mais variados tubarões da Europa, não dão espaço para os homens de ataque da bem treinada equipe açoriana.

Logo no começo do encontro, o capitão Hjulmand, que dias antes esteve com a seleção da Dinamarca, chama de canto e passa orientações ao prodígio Geovany Quenda, de apenas 17 anos, dono de uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros e recentemente capas de jornais na Inglaterra.

Na vaga do lesionado Pote, dos mais regulares jogadores portugueses nos últimos anos, Conrad Harder, o talento dinamarquês que foi surpreendentemente comprado por mais de 20 milhões de euros, aproveita toda e qualquer oportunidade na frente.

Os holofotes, entretanto, estão em cima do suspeito de costume: Gyokeres. Isso porque olheiros dos mais ricos clubes do mundo estão (novamente) nas bancadas. Todos, inclusive, cada vez mais decididos a pagar 100 milhões de euros pelo goleador sueco, quem sabe até em janeiro.

Mesmo bastante ansioso, João Pereira aguenta sentadinho os primeiros minutos da partida. Aceita calado o papel oficial de "treinador adjunto" do líder isolado do campeonato. Porém, não tarda a ser visto como um maléfico transgressor das maravilhosas regras da ANTF.

A sábia Associação Nacional dos Treinadores de Futebol, a acompanhar tudo pela televisão, aponta o momento exato em que o substituto de Ruben Amorim, escolhido a dedo pela Direção, levanta do banco para passar instruções aos jogadores.

Anda pra cá e pra lá na zona técnica. Pula. Gesticula. Grita forte. Pede mais atenção aos alas. Cobra mais intensidade do meio para frente. Está eufórico. Incontrolável. Percebe, então, que passou de todos os limites. Praticamente cometeu um crime. Um delito inafiançável. Teme ser queimado em praça pública.

Do camarote presidencial, Frederico Varandas prontamente tira o telefone do bolso e abre o navegador. Não consegue disfarçar a preocupação. As mãos estão a tremer. Está encharcado de suor. Pesquisa nos regulamentos o valor estratosférico que vai desembolsar por causa da atitude desumana e perversa de João Pereira: 1.910 euros (acredite se quiser: a quantia em questão muitas vezes é superior às multas impostas por atos racistas nos estádios portugueses).

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em português do Brasil

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