«DRIBLE DA VACA» - Opinião de Bruno Andrade
Enzo Gyokeres tinha diversas outras ofertas. Era dos jogadores mais desejados no mercado internacional naquela altura. Optou pelo Benfica. Pelo projeto. Pela visibilidade. Pelas promessas.
Não tardou a ter impacto imediato na equipe. Num piscar de olhos, passou a ser referência dentro e fora de campo. Pareceu ter nascido para vestir-se de encarnado.
Assistências. Gols. Movimentação. Visão de jogo. Entrega total. Uma esquizofrenia absurda ao longo dos 90 minutos. Praticamente dois em um.
Os astros estiveram todos alinhados nos primeiros seis meses. A orquestra tinha um talentoso e promissor maestro sueco-argentino que fazia com que os companheiros jogassem por música.
O mar de rosas, entretanto, começou a transbordar logo que um tubarão da Premier League surgiu. O casamento perfeito durou então apenas um único e nostálgico semestre.
Ainda que o emblema da Luz terminasse a temporada como campeão nacional, o plano esportivo rapidamente acabou superado pelo plano financeiro. Os milhões do futebol inglês falaram mais alto.
Uma negociação que, isolada, teria sido histórica. Exemplar. O problema é que as transferências continuaram a todo vapor. Com um adendo significativo: vendas em saldo.
Os milhões do futebol italiano também falaram mais alto por David Pote, assim como os milhões do futebol francês por Gonçalo Trincão e João Quenda. Morten Leonardo, por sua vez, rumou à Arábia Saudita.
Nos últimos cinco anos, o Benfica venceu apenas uma Liga - e que quase escapou na reta final, aliás. Enquanto isso, do outro lado da Segunda Circular, o Sporting abocanhou três. Não foi por acaso.
*Bruno Andrade escreve a sua opinião em português do Brasil