Luís Filipe Vieira: a bem ou a mal, o adeus ao Benfica

14 jul 2021, 19:37
Chuteiras Pretas

«Chuteiras Pretas»

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

A lista de desmandos de Luís Filipe Vieira é admirável. Presumo, aliás, que nem o mais desatento dos nossos leitores tenha ficado particularmente surpreendido com os recentes arremetimentos da Justiça sobre o empresário/dirigente de futebol.

As pistas e o tom estavam lá há anos.

Não me parece verosímil que o Ministério Público, a Polícia Judiciária e o DCIAP andassem sempre enganados e a perseguir um inocente nos processos anteriores. Estão todos AQUI elencados e Vieira é arguido, por ora, em mais duas investigações além do Cartão Vermelho: a Operação Lex e o Saco Azul – ainda hoje não me é possível perceber os argumentos da juíza responsável pelo E-Toupeira para não levar a SAD do Benfica e o seu presidente a julgamento.

Agora, acabou. Acabou o tempo de Vieira no futebol português. Vivemos para assistir ao dia em que um presidente do Benfica em exercício foi levado para os calabouços da PJ e obrigado a passar três noites atrás das grades.

Os indícios são graves, gravíssimos. Já sabíamos que o comportamento do empresário/dirigente nos últimos anos era, no mínimo, obscuro, mas desta vez a fasquia da incredulidade foi ultrapassada. Vieira, suporta a acusação, terá roubado o próprio Benfica e isso é indefensável.

Nenhum benfiquista são poderá aceitar que o seu presidente lese conscientemente a instituição que lidera. Os benfiquistas sãos – sublinho o adjetivo – não merecem esta exposição brutal à desonra.

Falar-me-ão em presunção de inocência. Eu falo em presunção de inteligência e saber da parte de quem investiga. Tudo terá de ser provado e validado em tribunal, mas chegámos a um ponto em que é impossível elogiar a obra de Vieira e defender a continuidade do Vieirismo.

Posto isto, a direção em funções tem urgentemente de avançar para eleições. O comunicado emitido, sensato na sua globalidade, é demasiado tímido nesse ponto e isso não beneficia em nada Rui Costa, putativo herdeiro e sucessor do homem que agora passa por apuros.

Nunca escondi o que penso de Luís Filipe Vieira, o dirigente de futebol. A cultura da altivez, a postura de inimputabilidade, as relações muitas vezes perigosas, a centralização hedonista de poder, o desrespeito por nomes bem maiores do que ele na história do Benfica – António Simões, por exemplo.

O Sport Lisboa e Benfica é demasiado grande e nobre para ter de suportar esta ignomínia. Eusébio, Coluna, Cosme Damião, Borges Coutinho, Fernando Martins, o que pensariam estes homens disto tudo?

Os sócios têm direito à palavra e têm direito a respostas e explicações. O trono erigido a Rui Costa no relvado da Luz para o auto de posse e os comunicados dos últimos dias não dão nem umas nem outras.

Até que ponto a administração em funções teria conhecimento das ações de Vieira? A OPA inquinada, a venda de ações do seu melhor amigo – e co-arguido – a um investidor norte-americano, as dívidas monstruosas à banca que saem dos bolsos de todos nós, é tudo muito feio e muito mau.

Cito o génio de Ricardo Araújo Pereira: a restante direção ou é cúmplice, ou é conivente, ou é totó.

Luís Filipe Vieira sairá a bem ou a mal do Benfica. Falta saber se sozinho ou mal-acompanhado.

PS: auditoria forense. Essa terá de ser a primeira medida a implementar pela próxima direção do Sport Lisboa e Benfica. Para que o rasto do Vieirismo possa ser seguido e, finalmente, eliminado.

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