Buenos Aires é a capital do Brasil

13 nov 2022, 13:23
Neymar Jr (EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON)

«DRIBLE DA VACA» - Opinião

Houve recentemente na Europa quem colocasse Arne Slot, treinador do Feyenoord, e Xavi, que não conquistou absolutamente nada no comando do Barcelona, à frente de Abel Ferreira e seus feitos históricos no Palmeiras.

Provavelmente, são os mesmos europeus centralizadores e sabichões que acreditam que Arrascaeta seria reserva hoje no Valencia ou na Fiorentina e, sei lá, defendem fielmente que Mignolet é melhor do que Weverton.

Talvez façam parte também aqueles portugueses, ainda que poucos e amargurados, que contestam frequentemente Pepe, Matheus Nunes e, sobretudo, Otávio na seleção de Fernando Santos.

Para o "seleto grupo" que geralmente acha que Buenos Aires é a capital do Brasil, o Flamengo é o maior rival do River Plate e o Corinthians é o dono da Bombonera, enxergar o futebol desta forma não surpreende tanto assim.

A visão superficial em relação ao momento da seleção brasileira não está muito longe do olhar muitas vezes carregado de desdém. Ou a boa e velha ignorância. Opinião é opinião, cada um (felizmente) tem a sua. Porém, é possível analisar sem preconceitos e diminuições culturais.

Vencedor com sobras das Eliminatórias na América do Sul, sem qualquer derrota (14 vitórias e três empates), o Brasil está entre os principais favoritos ao título do Mundial do Qatar. Não é uma afirmação jogada ao vento. Basta ver também, por exemplo, as casas de apostas pelo mundo.

Numa análise fria e direta, os brasileiros dividem hoje o posto com a Argentina de Messi, com quem duelou - e perdeu - na última final da Copa América, e possivelmente a França, que, mesmo desfalcada, tem experiência em grandes competições e uma base coesa - isso sem falar nas individualidades de peso, como Mbappé e Benzema.

No cargo desde 2016, Tite conta com um elenco recheado de jogadores rodados e acima da média. O futebol é organizado e quase sempre para frente. Há lacunas nas duas laterais, é verdade, mas opções de sobra em todas as outras posições, especialmente no ataque. Para dar e vender.

Principal referência do grupo, Neymar vive um início de temporada de saltar os olhos. É natural que as fichas estejam todas nele. Porém, já não existe mais aquela notória dependência em campo do camisa 10. Isto pode, sim, ser o ponto determinante para atingir o tão sonhado hexa.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil

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