Um país do nosso lado

18 jun 2000, 22:35

Crónica de Beto - 18 de Junho Beto, defesa-central da selecção, agradece o apoio do público português e conta que os holandeses sonham com um Portugal-Holanda na final. Beto escreve nestas páginas durante o Euro-2000.

Hoje gostaria falar de um aspecto muito importante nesta nossa campanha no Euro-2000: o apoio do público português. Foi uma realidade bem visível, quer em Eindhoven, quer em Arnhem, e que veio confirmar aquilo que nas nossas conversas já tínhamos comentado: parece finalmente criado um espírito muito positivo em redor da Selecção, com os adeptos unidos em torno de um ideal comum. 

Acho que esse espírito só em parte é explicado pelos bons resultados. O nosso discurso para fora, procurando não fazer referência aos clubes, é importante para acentuar o significado de uma representação verdadeiramente nacional. Acredito que estão finalmente reunidas condições para acabar de vez com incidentes desagradáveis como as «bocas» a jogadores do Norte, ou do Sul, consoante os locais onde trabalhamos. 

Em Arnhem, frente à Roménia, confirmámos também outro indício agradável: cada vez há mais portugueses a chegar à Holanda. Os nossos apoiantes no estádio estavam em número muito mais elevado do que no jogo de estreia, e todos nós esperamos duas coisas: uma, que essa tendência continue; outra, que as pessoas que estão agora a chegar sejam contempladas com o máximo de jogos com Portugal, daqui até 2 de Julho. 

No entanto, mesmo com as cores nacionais a tomar conta do Gelredome, se tivesse de destacar algum momento em que a influência do público português foi decisiva, não hesitaria em apontar a primeira parte do jogo com a Inglaterra. Foi bonito e importante sentir que as pessoas nos apoiavam, mesmo quando estávamos em desvantagem. 

Aliás, para além do apoio dos portugueses, temos também a felicidade de contar com a preferência dos espectadores neutrais, em grande parte devido à exibição espectacular nesse primeiro jogo. Pude confirmá-lo logo depois da vitória com a Roménia, quando fui passear um pouco por Ermelo e todos me abordavam para nos felicitar e para desejar um Portugal-Holanda na final. Também por essa simpatia dos holandeses foi muito importante termos garantido que o nosso jogo dos quartos-de-final será efectuado em Amesterdão. 

Essa componente de festa, extensiva aos adeptos de quase todas as selecções, tem marcado as minhas impressões da prova, no que vejo pela TV. Com excepção de alguns incidentes nas ruas, não há dúvida de que este Europeu tem sido, dentro e fora dos relvados, um bom exemplo de «fair-play». 

Também por isso, espero que já na terça-feira, por ocasião do nosso jogo com a Alemanha, continue a ter razões para falar de uma onda portuguesa em crescimento. Quem pensar que este terceiro encontro não conta para nada está muito enganado: na nossa maneira de ver as coisas, uma representação nacional é sempre digna do maior respeito, e querer ganhar todos os jogos faz parte da mentalidade desta equipa.  

Um abraço para os leitores do www.maisfutebol.iol.pt 

Beto

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