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Diretor da CNN Portugal

Um performer na arena 

28 out 2024, 08:47

Quando a campanha de Trump anunciou que o antigo presidente teria um comício, este domingo, no famoso Madison Square Garden, a pergunta que muitos fizeram foi: Porquê?

Nova Iorque, o Estado e a cidade, são historicamente um território hostil para os Republicanos e, nem mesmo Trump, que viveu lá uma vida inteira, alterou essa realidade. Em 2016 e 2020 perdeu por mais de 20 pontos para Clinton e Biden. Pior: Trump, ainda que diga o contrário, já não é um “New Yorker”. Vota na Florida e é lá que vive a maior parte do tempo depois de um “divórcio” que deixou marcas. 

Talvez esteja nesse conflito, aberto numas circunstâncias e interior em tantas outras, que se jogou o regresso a casa. O Garden é - os americanos não fazem por menos - a “maior sala espectáculos do mundo”, palco de grandes eventos musicais e desportivos e a atração de Trump pelo barulho das luzes é conhecida. Por um lado, o candidato considerou que a exibição através da televisão e de outras plataformas de um show de alto impacto poderia ajudar a mobilizar indecisos noutros estados; por outro, o evento também está entre o aviso e a provocação: Nova Iorque nunca se livrará dele completamente e a sua relação com NYC vai durar até ao fim dos seus dias. 

Nos últimos anos, os confrontos entre o ex-presidente e a sua antiga cidade sucederam-se — a “justiça” contra Trump”, o fisco contra Trump, os adversários políticos contra Trump, consubstanciado, afinal, no clássico, People vs.Trump. Esta eleição é o desempate final. 

Uma derrota de Trump, que parece hoje mais improvável do que há uma semana , não acabaria com esta tumultuosa relação, mas tornaria mais fácil bani-lo do pensamento e fechar um capítulo. 

Uma vitória, em contraste, funcionará, neste jogo, apesar de tudo menor dentro do grande tabuleiro contra Harris, como um ajuste de contas que ele considera estar por fazer. 

Tal como veio de Queens para Manhattan e multiplicou a fortuna do pai, Donald Trump viu neste regresso, mesmo por um dia, um sinal da sua vitalidade e perseverança. 

Sendo factual, o cenário era outro, e no entanto, regras da campanha, não houve uma palavra diferente. Nem uma. Ficaram os sinais e, a pouco mais de uma semana, todos os sinais - todos  -  contam.

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