O responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) sublinha que a autonomia das mulheres sobre os seus corpos é um direito essencial que "pode salvar vidas"
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou hoje um apelo a favor do direito ao aborto, colocado em causa nos Estados Unidos por um projecto de acórdão do Supremo Tribunal.
"Restringir o acesso ao aborto não reduz o número de procedimentos. Esta restrição leva mulheres e jovens a recorrerem a procedimentos perigosos", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus na rede social Twitter, sem mencionar diretamente os Estados Unidos.
“O acesso a um aborto seguro pode salvar vidas”, declarou.
Ghebreyesus enfatizou hoje que "as mulheres devem sempre ter o direito de escolha quando se trata dos seus corpos e da sua saúde".
Women should always have the right to choose when it comes to their bodies and their health. Restricting access to #abortion does not reduce the number of procedures — it drives women and girls towards unsafe ones. Access to safe abortion saves lives. https://t.co/SdF81B5D1u
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) May 4, 2022
Segundo a OMS, os abortos inseguros causam cerca de 39.000 mortes por ano em todo o mundo e resultam na hospitalização de outros milhões de mulheres devido a complicações.
A maioria dessas mortes está concentrada em países de baixo rendimento – mais de 60% em África e 30% na Ásia – e entre as pessoas mais vulneráveis.
Os dados mostram que as restrições ao acesso ao aborto não reduzem o número de abortos, segundo a OMS.
A agência da ONU também afirma que nos países com as restrições mais severas, apenas um em cada quatro abortos é seguro, em comparação com quase nove em dez em países onde o procedimento é amplamente legalizado.
A OMS divulgou novas diretrizes sobre cuidados com o aborto no início de março, com o objetivo de proteger a saúde de mulheres e jovens e ajudar a prevenir os mais de 25 milhões de abortos inseguros que ocorrem atualmente todos os anos em todo o mundo.
Essas diretrizes reúnem mais de 50 recomendações relacionadas com a prática clínica, prestação de serviços de saúde e intervenções legais e políticas para apoiar a prestação de assistência ao aborto com qualidade.