Banqueiro russo cai em desgraça após criticar regime de Putin. Agora vive em parte incerta e foi obrigado a vender tudo

2 mai 2022, 15:15
Oleg Tinkov

Foi o fundador de um dos maiores bancos russos, mas cometeu o erro de criticar a invasão russa numa publicação no Instagram

É um dos empresários russos mais conhecidos a nível mundial e chegou a ter uma fortuna avaliada em mais de oito mil milhões de dólares (cerca de 7,6 milhões de euros), mas, no último mês, o banqueiro Oleg Tinkov teceu, nas redes sociais, duras críticas ao regime de Putin por ter ordenado a invasão da Ucrânia e tudo mudou.

Segundo contou em entrevista ao The New York Times, Oleg Tinkov foi obrigado a vender a sua participação no banco que fundou, o Tinkoff, depois de, alegamente, ter sido ameaçado por pessoas ligadas ao governo russo, que terão manifestado a intenção de nacionalizar o seu banco caso não se afastasse por completo. Acabou por vender os 35% que detinha a outro bilionário russo, sem hipóteses de negociação.

“Eu não pude discutir o preço. É como estar refém, aceitas o que te oferecem. Eu não pude negociar”, afirmou Oleg Tinkov em declarações exclusivas ao jornal nova-iorquino, naquela que foi a primeira entrevista desde que fez a polémica publicação.

Agora, Tinkov encontra-se em parte incerta, seguido de perto por uma equipa de seguranças, que contratou depois de amigos lhe terem dito que devia temer pela vida. O empresário contou que não é o único com medo de represálias e descreveu mesmo um cenário em que várias pessoas do mundo dos negócios têm medo de potenciais retaliações do Kremlin.

“Apercebi-me que a Rússia, enquanto país, já não existe. Eu acreditava que o regime de Putin era mau. Mas claro, nunca pensei que as coisas chegariam a uma escala tão catastrófica”, considerou o antigo banqueiro.

Nas redes sociais, o empresário - que vivia sobretudo no estrangeiro - afirmou que "90% dos russos são contra a guerra" na Ucrânia. "Claro que há 10% de idiotas que escrevem Z [um símbolo de apoio aos russos na guerra], mas 10% de qualquer país são idiotas", acrescentou.

“Os funcionários do Kremlin estão em choque, porque não serão os únicos, mas também os seus filhos, a não poder ir ao Mediterrâneo este verão”, ironizou ainda o fundador do Tinkoff Bank - o segundo maior emissor de cartões de crédito na Rússia.

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