António Vitorino retira candidatura à OIM e Amy Pope é a nova diretora-geral

Agência Lusa , BC - atualizada às 16:14
15 mai 2023, 15:10
António Vitorino (Lusa/ José Sena Goulão)

Amy Pope, que conta com o apoio dos Estados Unidos, era adjunta de António Vitorino

António Vitorino retirou a candidatura à Organização Internacional para as Migrações, depois de ter sido derrotado na primeira volta por Amy Pope.

A norte-americana Amy Pope liderou esta segunda-feira a votação para suceder a António Vitorino na direção da Organização Internacional para as Migrações (OIM), mas sem conseguir a maioria de dois terços necessária para ser eleita, disseram fontes diplomáticas.

O resultado da primeira votação, realizada à porta fechada, foi noticiado pela agência norte-americana AP, citando três funcionários diplomáticos que pediram para não ser identificados.

No escrutínio por voto secreto do Conselho da OIM, que decorreu em Genebra, António Vitorino teve 67 votos e Amy Pope, que ocupa o cargo de vice-diretora-geral para a Gestão e Reforma da OIM, conseguiu 98 votos.

Pope, que conta com o apoio dos Estados Unidos, era adjunta de Vitorino, cuja reeleição como diretor-geral da OIM tinha o apoio da União Europeia (UE).

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou já esta segunda-feira o trabalho de António Vitorino como diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, considerando que foi excelente e imprimiu "nova dinâmica" a esta organização.

Numa mensagem publicada no site oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou a convicção de que António Vitorino "terá mais oportunidades de pôr as suas capacidades pessoais e profissionais ao serviço de Portugal e do mundo".

"Ao concluir o seu mandato como diretor-geral da Organização Internacional das Migrações, felicito o Dr. António Vitorino pela excelência do trabalho que fez ao longo destes anos, que se traduziu no significativo alargamento do apoio da OIM a dezenas de milhões de migrantes à volta do mundo", escreveu o chefe de Estado, numa mensagem divulgada logo depois.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, António Vitorino "pôs ao serviço daquela organização das Nações Unidas as suas enormes capacidades pessoais e profissionais imprimindo uma nova dinâmica e alargando muito significativamente o âmbito da sua atuação".

"Felicito por isso o Dr. António Vitorino por aquele excelente trabalho, certo que terá mais oportunidades de pôr as suas capacidades pessoais e profissionais ao serviço de Portugal e do mundo", acrescentou o Presidente da República.

 Também o primeiro-ministro elogiou o trabalho de António Vitorino como diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, considerando que prestigiou Portugal e que com o português na liderança se prestou melhor serviço do que antes.

Esta posição foi transmitida por António Costa, em declarações aos jornalistas, no final da reunião de trabalho com a primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdotti, em Reiquiavique.

“Em primeiro lugar, quero felicitar António Vitorino pela forma excelente como desempenhou as funções de diretor-geral da OIM, foi algo que prestigiou o país e, sobretudo, contribuiu para que a OIM tivesse prestado um melhor serviço do que em anos anteriores aos milhões de cidadãos refugiados ou migrantes”, declarou o líder do executivo português.

A seguir, António Costa reafirmou “o compromisso de Portugal no apoio aos refugiados e a uma política migratória centrada na dignidade da pessoa humana e em soluções que sejam mutuamente benéficas para os países de origem, de trânsito e de destino, porque a imigração é um dado constante da humanidade”.

“Ao longo de milhões de anos, todos fomos migrando um pouco”, acrescentou.

Nos últimos meses, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, defenderam publicamente a recandidatura de António Vitorino em encontros internacionais como a 28.ª Cimeira Ibero-Americana, realizada na República Dominicana, em março, em que o diretor-geral da OIM também participou.

António Vitorino, advogado e antigo dirigente socialista, comissário europeu e ministro da Presidência e da Defesa Nacional, foi proposto pelo Governo português em dezembro de 2017 e eleito em junho de 2018 diretor-geral da OIM – organização criada em 1951 e atualmente integrada no sistema das Nações Unidas, com 169 Estados-membros.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou na altura a eleição de António Vitorino como "uma grande alegria para Portugal" e "uma vitória também para o mundo", por representar uma visão de abertura, "contra os protecionismos, xenofobias, clausuras e intolerâncias".

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