Montenegro está a preparar-se para eleições desde o primeiro dia do Governo, afirma Pedro Santos Guerreiro. Mas ainda há tempo e espaço negocial para construir um acordo entre PS e AD, salvando a face aos dois. Eis como
As posições entre AD e PS são neste momento inconciliáveis – e portanto uma crise política é mesmo possível. Mas é possível sair dela, até porque dificilmente o país veria com bons olhos uma nova crise política que nos conduzisse a eleições, afirma Pedro Santos Guerreiro.
Na análise do diretor executivo da CNN Portugal (que pode ver na íntegra no vídeo acima), é possível chegar a acordo e salvar a face aos dois líderes partidários. Mas é preciso que os dois queiram, acrescenta. Caso contrário, há eleições – e Montenegro não parece ter medo delas.
Esta tarde, o PS afirmou que jamais aprovará um Orçamento do Estado que inclua as medidas do IRS Jovem e da descida do IRC, fazendo contrapropostas “que o Governo jamais aceitará”.
“A pedra matricial do Governo da AD é a descida de impostos e disso Montenegro jamais abdicará.” Mas, acrescenta o jornalista, se o PS deu tolerância zero quanto àquelas duas medidas, não se deu como inflexível em relação às suas contrapropostas, o que sugere vontade de negociar.
É por isso que há espaço para negociar, mesmo se há pouco tempo para alterar a proposta do Orçamento do Estado. Pedro Santos Guerreiro dá um exemplo: se o Governo apresentar uma descida generalizada do IRS de mil milhões de euros, em substituição do IRS Jovem, “que quase ninguém defende”, isso permitiria ao PS a vitória de derrubar o IRS Jovem e ao PSD a vitória de manter uma forte descida de impostos sobre o rendimento, que é a pedra angular do seu programa económico. “O IRC é mais difícil de conjugar”, diz, “mas também é possível”.
Para isto, é preciso que os dois queiram mesmo negociar.
Ou haverá interesse de um deles – ou dos dois – irem para eleições? Recorde-se que Luís Montenegro já disse que não governaria em duodécimos, o que sugere uma demissão do Governo em caso de chumbo da proposta do Orçamento do Estado.
Em caso de eleições, “perde quem as provocar”, considera Pedro Santos Guerreiro.
“Não sabemos se Pedro Nuno Santos quer eleições, mas não parece: ao fazer contrapropostas, está a abrir espaço para negociar”, diz. “E também não sabemos se Luís Montenegro quer eleições, mas ele tem estado a preparar-se para elas desde o primeiro dia do Governo”, acrescenta.
O jornalista justifica: desde o início que o Governo tem avançado com medidas populares, desde descida de IRS, proposta de aumento do salário mínimo, pagamento de suplemento extraordinário a pensionistas e acordos para aumentos salariais na função pública.