Paulo Portas diz que não é tempo de "truques retóricos", mas sim de "elevação e consistência", e revela o que faria se estivesse no lugar de Pedro Nuno Santos, de Luís Montenegro e de Marcelo Rebelo de Sousa
Paulo Portas admite estar surpreendido com o impasse político em torno das negociações para o Orçamento do Estado do próximo ano, desde logo porque se trata do "primeiro orçamento em alguns anos que permitirá baixar impostos". "É um pouco surpreendente que não haja consensos num orçamento que, apesar de tudo, baixa impostos", afirma, no seu habitual espaço de comentário, Global, no Jornal Nacional da TVI.
O comentador lembra que "todos os governos minoritários tiveram o seu primeiro orçamento viabilizado" pelo parlamento. Logo, diz, "é estranho que isso não suceda desta vez e que as posições se estejam a radicalizar".
É neste contexto que Paulo Portas admite que possa estar a acontecer o que designa como "o dilema do prisioneiro", que passa a explicar: "Pedro Nuno Santos acha que o populista da direita vai acabar por viabilizar [o orçamento], o populista da direita acha que Pedro Nuno Santos vai acabar por viabilizar."
"E se estão ambos convencidos de um engano? E se acabam os dois a votar contra, julgando que um deles salva o Orçamento do Estado?", questiona, acrescentando que entende esta estratégia como uma forma de Pedro Nuno Santos "poder dizer que a AD se juntou à extrema-direita", enquanto "a extrema-direita quer poder dizer que a AD é igual ao PS".
Para o comentador, não é tempo de "truques retóricos", mas sim de "elevação e consistência". E é por isso que, se estivesse no lugar do secretário-geral do PS, Paulo Portas garante que não começaria por colocar entraves relacionados com o IRS Jovem e com o IRS, tal como não diria, se estivesse no lugar do primeiro-ministro, "que não governaria em duodécimos".
Colocando-se no papel de Presidente da República, Paulo Portas diz que "não diria que, se não houver orçamento, convoco eleições", criticando assim a atitude de Marcelo Rebelo Sousa, que este domingo admitiu estar a fazer pressão e exercido influência na negociação do Orçamento do Estado para 2025, argumentando que, por vezes, tem de se abdicar das próprias convicções políticas em nome do "interesse nacional".