Primeiro-ministro considerou que o principal partido da oposição está a querer substituir-se ao Governo. "Em democracia, há uma contradição quando quem quer governar é a oposição", disse. Ainda assim, dará um "sinal de aproximação" com uma contraproposta
O primeiro-ministro Luís Montenegro classificou como “radical e inflexível” a proposta levada à mesa das negociações pelo secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos.
Depois de avisar que há “uma contradição quando quem quer governar é a oposição”, Montenegro prometeu uma contraproposta na próxima semana. Mas com uma garantia: “Não abdicamos da nossa política económica.”
Montenegro e Pedro Nuno Santos estiveram durante a tarde reunidos em São Bento. Na reunião, o PS exigiu que o governo abdicasse do IRS Jovem e da descida do IRC para viabilizar as contas de 2025. Em alternativa, sugeriu aplicar o dinheiro no reforço da habitação pública, no aumento das pensões e na negociação com os médicos.
“A bem do país, quero dizer-vos que a proposta que me foi endereçada e entregue pelo PS é efetivamente uma proposta radical e inflexível, porque quer fazer substituir o Programa do Governo pelo programa do PS”, afirmou Montenegro em Mafra, durante a VII Cimeira do Turismo Português.
“É um processo difícil, ninguém o esconde. É um processo em que todos temos de ceder, todos temos de colocar o interesse nacional, o interesse superior, à frente de qualquer outro interesse, incluindo de algumas das nossas ideias”, insistiu.
Vincando a “total disponibilidade e empenho” para que Portugal tenha um orçamento aprovado para 2025, o primeiro-ministro insistiu que a descida de impostos está alinhada com a sua estratégia para ter um país mais produtivo e reter talento. “Não abdicamos daquilo que é a nossa política económica”, vincou.
“Da parte do Governo, vamos esgotar todas as possibilidades para evitarmos termos uma instabilidade política em cima dos desafios que se colocam”, prometeu.
Até porque, insistiu, “em democracia, quem governa é o Governo. Em democracia, há uma contradição quando quem quer governar é a oposição”.
Ainda assim, Montenegro promete “extrair o principal do pensamento político” presente nas propostas do PS como um “esforço de aproximação”. “Porque do nosso lado não há radicalismo nem inflexibilidade”, concluiu.