Imigrante sequestrado em carro com shotgun encostada à cara

16 dez 2021, 20:47

Em local e por motivos que a investigação não conseguiu apurar, terão algemado atrás das costas um cidadão cuja nacionalidade é proveniente da zona Indostana. Foi insultado e estava aterrorizado

Aviso: este artigo contém linguagem ofensiva que pode ferir a suscetibilidade de alguns leitores 

Para a acusação do MInisterio Público, o crime de sequestro, de que dois dos sete militares da GNR estão acusados, aconteceu na noite de 11 de novembro de 2018. Estavam de serviço três arguidos. Um no atendimento e dois na patrulha.

Passava pouco das duas da manhã quando os dois militares fardados circulavam pela localidade na viatura caracterizada da GNR. Em local e por motivos que a investigação não conseguiu apurar, terão algemado atrás das costas um cidadão cuja nacionalidade não foi possível apurar com exatidão, mas que é proveniente da zona Indostana que abrange países como Índia, Nepal, Paquistão e Bangladesh.

Sentaram-no depois, contra a sua vontade, na parte de trás do carro quando este já chorava. Um dos militares seguiu sentado no banco de trás a fazer escolta e o outro conduziu a viatura. Segundo a acusação, o homem continuou algemado e a chorar.

Vítima: - “Português nô malo, nô português”

Militar: - “Tu és uma miséria”

Enquanto isto, foi-lhe desferindo um estalo na cabeça.  

Vítima:  - “Português nô malo, nô português”

Militar: - “Então, põe-te no caralho daqui para fora, moço!”

Militar: - “Mata-te, caralho!”

 Militar: - “Cala-te, caralho! São duas e meia da manhã!”

Segundo o Ministério Público, a vítima insistia em desespero e o militar que seguia ao lado no banco de trás desferiu-lhe vários murros na cabeça. E, como o homem continuou a chorar e a gemer dobrado sobre os joelhos, o arguido encostou-lhe e esfregou-lhe repetidamente uma espingarda shotgun no rosto. O imigrante estava aterrorizado, descreve a acusação do MInistério Público, acrescentando que a vítima foi mantida no carro sempre contra a sua vontade.

Escreve a procuradora que a shotgun é propriedade do Estado, fica depositada no posto para ser usada se necessário e unicamente em serviço.

Este episódio, de acordo com a acusação do Ministério Público, não está reportado no expediente, não consta do relatório de serviço daquele turno nem de qualquer outro turno.

O homem foi mantido no carro-patrulha sempre algemado por um período indeterminado de tempo, e sempre contra a sua vontade. O Ministério Público considera que o militar que conduzia a viatura nada fez para impedir o comportamento do colega, participando até em todos os atos, omitindo e conduzindo o carro da GNR pela zona de Vila Nova de Milfontes.

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