Viúva diz que Odair Moniz não consumia álcool nem droga e por isso não sabe como foram detetados no sangue

22 out, 15:08
Mulher e advogado de Odair Moniz à entrada para o tribunal (LUSA)

Viúva diz que Odair Moniz não a informou onde ia quando saiu de casa na véspera do homicídio. "Não era habitual", admite. "Mas disse que ia e já vinha."

A viúva de Odair Moniz revela que foi o filho quem lhe comunicou que "alguma coisa aconteceu com o pai na Buraca" e admite não saber porque é que o marido estava na Cova da Moura, nem como tinha álcool e droga no sangue.

No arranque da sessão da tarde do primeiro dia de julgamento do agente da PSP acusado do homicídio de Odair Moniz, a viúva diz não saber porque é que o marido estava na Cova da Moura naquela madrugada do dia 21 de outubro do ano passado. "Eu estive com ele na véspera do acontecimento. (...) Ele disse que ia sair e já vinha, e não voltou", começa por contar a mulher, de 35 anos.

Odair não a informou onde ia: “Não era habitual, mas disse que ia e que já vinha e esperava por ele para jantar."

"Foi o meu filho que me disse 'aconteceu alguma coisa com o pai na Buraca' e eu fui lá", relata, perante o coletivo de juízes do Tribunal de Sintra. "Os agentes estavam a gozar com a minha cara e não me diziam nada. Só depois me disseram que ele estava no hospital."

A viúva diz que Odair não consumia álcool nem estupefacientes. Questionada pela juíza como explicava então a presença de álcool e droga no sangue, na noite do sucedido, a mulher responde apenas: "Não sei."

Agente que acompanhou PSP acusado de homicídio diz que Odair "estava numa posição de ataque"

Depois da audição da viúva, segue-se o testemunho do agente que acompanhava o PSP de 27 anos que disparou contra Odair Moniz, naquela noite, e que é um dos dois agentes constituídos arguidos por falso testemunho sobre a faca que apareceu no local. Por essa razão, a pedido do advogado João Medeiros, que o representa, o agente conta a sua versão dos factos apenas até ao segundo disparo efetuado pelo PSP acusado do homicídio de Odair Moniz.

A versão do agente representado por João Medeiros corrobora a descrição dos acontecimentos relatada pelo agente acusado do homicídio. Descreve um "confronto físico" com Odair.

"Quando estava de costas, oiço um disparo. Quando olho, vejo o Odair com o braço esticado direito à cara do meu colega. Quando estou a chegar, há um quarto disparo. Eu nem me apercebi do que estava a acontecer, tanto que ainda lhe dei uma bastonada", relata o agente que acompanhou na patrulha o PSP acusado de homicídio, naquela noite, na Cova da Moura.

"Só consegui perceber que o Odair estava numa posição de ataque", acrescenta.

Questionado pelo procurador sobre se o tiro disparado para o ar pelo seu colega tinha sido para afastar as pessoas ou para tentar travar Odair Moniz, o agente responde que o disparo "foi para afastar as pessoas que não iam ali para nos ajudar".

"Senti medo e receio. Se aquelas pessoas viessem na nossa direção, podíamos ficar gravemente feridos", assume o PSP.

Sobre o gás pimenta que tinha em sua posse, o agente admite que não se lembrou de o utilizar, mas acredita que "não ia surtir efeito". "Ele estava muito agressivo, e com várias pessoas a virem na nossa direção, acho que não valia a pena."

Crime e Justiça

Mais Crime e Justiça