Distúrbios tiveram início na noite de segunda-feira, após a morte de Odair Moniz, de 43 anos, que foi baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, no decorrer de uma intervenção policial
Está a ser uma noite de muita violência em vários bairros da Grande Lisboa. São desacatos na sequência da morte de Odair Moniz que começaram no bairro do Zambujal e alastraram a outras zonas da Amadora e Carnaxide. Mas também há relatos de problemas em Sintra, Lisboa - Carnide e Campo de Ourique, Loures e Odivelas.
Os vários focos de violência estão a ser marcados sobretudo por incêndios e vandalismo, em particular na Amadora e em Carnaxide. Um autocarro da Carris Metropolitana foi roubado (depois de motorista e passageiros terem sido forçados a sair) e levado para o bairro do Zambujal, onde foi incendiado por um grupo de cerca de 20 suspeitos. Pouco depois, em Oeiras, no bairro da Portela, um segundo autocarro foi queimado.
Nos vídeos divulgados por alguns moradores é possível ver as chamas intensas, que colocaram habitações em perigo tanto no bairro do Zambujal como no bairro da Portela. Neste último, imagens mostram um autocarro em chamas e desgovernado a percorrer vários metros de estrada.
Segundo informações apuradas pela CNN Portugal, neste bairro da Portela existem vários homens armados e foram ouvidos vários disparos no local.
Há também registo de veículos ligeiros incendiados, pneus queimados nas estradas, caixotes do lixo a arder, arremesso de petardos e pedras.
No concelho de Sintra foi arremessado um objeto contra a esquadra da PSP de Casal de Cambra, sem causar danos.
A PSP reforçou o policiamento em vários locais, nomeadamente nas denominadas Zonas Urbanas Sensíveis. Fonte da polícia confirmou à CNN Portugal que as autoridades receberam várias chamadas falsas sobre alegados distúrbios. Sobre o dispositivo no terreno, o intendente Sérgio Soares, porta-voz da PSP, confirmou um "reforço mais musculado" com as equipas do Corpo de Intervenção e de Intervenção Rápida.
Até ao momento há confirmação por parte das autoridades de apenas um detido, no bairro do Zambujal, que tinha na sua posse material combustível. Não há registo de feridos.
Os distúrbios tiveram início na noite de segunda-feira, após a morte de Odair Moniz, de 43 anos, que foi baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, no decorrer de uma intervenção policial.
Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram “dois tiros num trabalhador desarmado”.
Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária. A CNN Portugal apurou, também, que a investigação da PJ aponta para excesso de legítima defesa da PSP.