OCDE prevê que economia portuguesa abrande crescimento para 1% em 2023 e 1,2% em 2024

Agência Lusa , AM
22 nov 2022, 10:50
Notas, dinheiro, euro, poupança. Foto: Adrien Fillon/NurPhoto via Getty Images

Organização pede ainda mais subidas das taxas de juro e apoios governamentais mais direcionados

A OCDE prevê que o crescimento económico português abrande de 6,7% este ano para 1% em 2023 e 1,2% em 2024, situando-se a inflação nos 8,3% em 2022, 6,6% em 2023 e 2,4% em 2024.

“O crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] deverá diminuir de 6,7% em 2022 para 1% em 2023 e 1,2% em 2024, com a invasão russa da Ucrânia, as interrupções na cadeia de abastecimento, a alta dos preços da energia e o aumento das taxas de juro a penalizarem a atividade”, lê-se no relatório com as previsões económicas mundiais (‘Economic Outlook’) divulgado esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Embora “o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vá impulsionar investimento público, há o risco de que persistam os atrasos na sua implementação”, considera a organização.

OCDE pede mais subidas das taxas de juro e apoios governamentais mais direcionados

O crescimento económico global está a abrandar devido à inflação, constata a OCDE nas suas últimas previsões, hoje divulgadas, pedindo mais aumentos das taxas de juro e a apoios governamentais mais direcionados.

De acordo com o relatório com as previsões económicas mundiais (‘Economic Outlook’) divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global deverá atingir 3,1% este ano, pouco mais de metade dos 5,9% alcançados no ano passado.

O declínio continuará no próximo ano com o crescimento a estabilizar nos 2,2%, antes de subir para 2,7% em 2024, prevê a organização, aumentando muito ligeiramente a sua projeção para 2022 face à realizada em setembro e mantendo a previsão para o próximo ano inalterada.

Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, "o crescimento está a meia haste, a inflação elevada é persistente, a confiança tem diminuído e a incerteza é elevada", diz a OCDE, uma organização que reúne 38 Estados, países desenvolvidos e alguns emergentes.

"A economia mundial está a atravessar a sua mais grave crise energética desde os anos 70", segundo o economista chefe da OCDE, Álvaro Santos Pereira.

"O choque energético empurrou a inflação para níveis não vistos durante várias décadas e está a deprimir o crescimento em todo o mundo", disse o economista.

A subida dos preços deverá atingir 8% no quarto trimestre deste ano nos países do G20, que incluem as principais economias mundiais, antes de cair de novo para 5,5% em 2023 e 2024, de acordo com as projeções da organização.

Num sinal positivo, algumas pressões inflacionistas abrandaram durante o ano passado, uma vez que as cadeias de abastecimento interrompidas durante a pandemia de covid-19 foram restauradas, e os custos de frete marítimo, que tinham disparado, voltaram a descer.

Santos Pereira diz que o cenário mais provável previsto pela OCDE "não é uma recessão global, mas um forte abrandamento da economia global em 2023, com a inflação ainda elevada, mas em declínio em muitos países".

Para ultrapassar a crise, a OCDE defende "um maior aperto da política monetária para combater a inflação", dizendo ao mesmo tempo que "o apoio orçamental deve tornar-se mais direcionado e temporário".

Uma "melhor calibração" do apoio "é frequentemente necessária para assegurar" que este "é apenas temporário e centrado nas famílias e empresas mais vulneráveis, e mantém os incentivos para reduzir o consumo de energia".

"Acelerar o investimento para adotar e desenvolver fontes e tecnologias de energia limpa será crucial para diversificar o aprovisionamento energético e garantir a segurança energética", diz Santos Pereira.

Finalmente, as consequências da guerra na Ucrânia, que começou há nove meses, "ainda representam uma ameaça à segurança alimentar global, especialmente quando combinadas com novos eventos climáticos extremos resultantes das alterações climáticas", diz a organização.

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