Custo de financiamento de curto prazo dispara em leilão de bilhetes do Tesouro

ECO - Parceiro CNN Portugal , André Veríssimo
15 fev 2023, 13:23
Governo em debate parlamentar (Miguel A. Lopes/Lusa)

Taxa exigida no leilão de bilhetes do Tesouro com maturidade a três meses passa de -0,302% para 2,568%. Na emissão a 11 meses subiu de 2,104% para 2,975%

O custo de financiamento do Estado aumentou substancialmente nos dois leilões de Bilhetes do Tesouro realizados esta quarta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Nos títulos com maturidades a três meses a taxa de juro média implícita fixou-se nos 2,568% e nos títulos a 11 meses subiu para 2,975%.

Os resultados na linha com maturidade em maio de 2023, onde foram colocados 450 milhões, compara com a taxa média de -0,302% conseguida a 15 de junho do ano passado, para um financiamento de 500 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta.

Na linha com maturidade em janeiro de 2024, onde foram colocados 300 milhões, os resultados desta quarta-feira comparam com a yield de 2,104% conseguida a 19 de outubro, para um financiamento de 750 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta. Os leilões desta quarta-feira tinham um montante indicativo de 750 a 1000 milhões.

“Se comparamos com o leilão de janeiro, que foi para prazos superiores dos atuais, 6 meses e 12 meses, verificamos que tivemos subidas significativas em ambas as maturidades”, assinala Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, numa nota enviada às redações.

O custo das emissões no mercado primário tem vindo a subir, fruto da subida das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu com o objetivo de travar a inflação, que em janeiro se situou nos 8,5% segundo a estimativa rápida do Eurostat. O aperto das condições monetárias vai prosseguir em março, sendo esperada um novo aumento de 50 pontos base, e pode não ficar por aí.

O IGCP emitiu 1.000 milhões de euros em obrigações do Tesouro com uma maturidade de nove anos e meio, na semana passada. O custo também subiu, passando de 2,68% na emissão de junho de 2022 para 3,172%.

Se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país", Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa.

“A subida dos prémios de risco dos países tem sido global, Portugal tem agora taxas mais elevadas para se financiar, no entanto e por força do bom desempenho da sua economia, o seu spread versus a Alemanha tem-se mantido estável e está no valor mais baixo desde abril de 2022, altura em que ainda tinha taxas negativas no curto prazo”, observa Filipe Silva. Quando comparado com os países da periferia, Portugal é o que apresenta o melhor desempenho relativo, sublinha o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, notando, no entanto, que “se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país.” 

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