O INSA avança ainda que o excesso de mortalidade neste período atingiu o seu valor máximo na primeira semana de 2024
Portugal registou um total de 3.624 mortes em excesso em relação ao esperado no final de 2023 e início de 2024, período que coincidiu com a epidemia de gripe, adiantou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
“Durante a época de gripe 2023/2024, o número de óbitos por todas as causas em Portugal esteve acima do esperado durante um período. Este período decorreu entre as semanas 51/2023 e 03/2024, que foi coincidente com a epidemia de gripe”, refere o relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe e de Outros Vírus Respiratórios (PNVG) entretanto divulgado.
Este programa permite acompanhar a circulação dos vírus, descrever a atividade da gripe e detetar e identificar os vírus influenza, SARS-CoV-2, Vírus Sincicial Respiratório (RSV), entre outros em circulação no país, e inclui as áreas da vigilância clínica e laboratorial.
“Relativamente ao período identificado, potencialmente associados à epidemia de gripe, por serem temporalmente coincidentes, estimámos um total de 3.624 óbitos em excesso em relação ao esperado, o que corresponde a um excesso de 34 óbitos por 100.000 habitantes”, refere o documento.
O INSA avança ainda que o excesso de mortalidade neste período atingiu o seu valor máximo na primeira semana de 2024.
A análise dos dados concluiu ainda que o excesso de óbitos foi observado, de forma significativa, em todas as regiões do continente, bem como em ambos os sexos, sendo mais elevado no feminino (35/100.000 habitantes).
“Por último, observou-se um aumento do excesso de óbitos com a idade, em particular no grupo etário com mais de 85 anos (444/100.000 habitantes)”, adianta também o relatório, ao avançar que, durante o período de excesso de mortalidade, ocorreram dois eventos que “podem explicar este aumento do risco de morrer”.
“Especificamente, a epidemia de gripe sazonal, cujo período epidémico decorreu entre as semanas 47/2023 e 04/2024, com um pico em redor da semana 52/2023, e temperaturas baixas no final do ano de 2023”, explica o INSA, ao adiantar que o estudo da mortalidade atribuível a cada um dos fatores de risco encontra-se em desenvolvimento, pelo que os seus resultados serão posteriormente divulgados.
De acordo com o instituto, a análise virológica demonstrou que os vírus da gripe circulantes eram na sua maioria semelhantes aos vírus que integraram a vacina utilizada na época 2023/2024.
O relatório indica também que foi observado um aumento da proporção de casos de covid-19 com a idade, tendo o maior número de casos ocorrido no grupo etário dos 30 aos 64 anos.
A caracterização genética dos vírus SARS-CoV-2, detetados nas redes sentinela do PNVG, mostrou a diversidade e a circulação das linhagens do vírus que provoca a doença covid-19, refere o documento.
Os vírus SARS-CoV-2 identificados pertenciam na sua maioria à linhagem BA.2.86, da variante Ómicron, e foram também identificados vírus pertencentes à linhagem recombinante XBB.