Morreu o editor João Paulo Cotrim

CNN Portugal , MJC com Lusa
26 dez 2021, 17:27
João Paulo Cotrim

Apaixonado por banda desenhada, João Paulo Cotrim ajudou a lançar e dirigiu durante seis anos a Bedeteca de Lisboa

Jornalista, escritor e editor, João Paulo Cotrim foi um dos grandes impulsionadores da banda desenhada em Portugal, tendo ajudado a lançar e dirigido durante seis anos a Bedeteca de Lisboa. Era também fundador e diretor da editora Abysmo. Tinha 56 anos.

A notícia da morte de João Paulo Cotrim foi avançada pelo Jornal de Notícias. Já o Público informa que o editor estava internado no Hospital dos Capuchos, em Lisboa.  A Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas publicou entretanto uma nota nas redes sociais:

João Paulo Cotrim começou a trabalhar como jornalista aos 20 anos, na ANOP. Passou pelo Expresso, O Independente, Cosmopolitan, RTP, SIC e TSF. 

Entre os vários órgãos de comunicação social em que trabalhou consta a Revista Ler, Elle, Máxima, Marie Claire, Oceanos, Visão, Grande Reportagem, Colóquio-Letras, Der Spiegel, Le Monde e o suplemento DNA.

Dirigiu desde a sua abertura, em 1996 até 2002, a Bedeteca de Lisboa. Comissariou inúmeras exposições. Foi director do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada durante quatro edições e responsável pela sua programação e os catálogos Geral e da mostra Ilustração Portuguesa.

Guionista para filmes de animação, João Paulo Cotrim escreveu novelas gráficas, ensaios e poesia e histórias para crianças e adultos. 

Na sua vasta obra encontram-se novelas gráficas (“Salazar – Agora, na Hora da Sua Morte”), ficção (“O Branco das Sombras Chinesas”, com António Cabrita), ensaios (“Stuart – A Rua e o Riso” ou “El Alma de Almada El Ímpar” – Obra Gráfica 1926-1931), aforismos (“A Minha Gata”) e poesia (“Má Raça”, com Alex Gozblau), além de histórias para as infâncias (“Querer Muito”, com André da Loba).

João Paulo Cotrim foi ainda professor no Ar Co, no departamento de Ilustração e BD, bem como no IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, e colaborou no Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB).

No seguimento do confinamento imposto pela pandemia de covid-19, João Paulo Cotrim criou, em 2020, “Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”, uma revista digital gratuita criada e disponibilizada pela editora Abysmo.

A edição procura captar o efeito que a crise pandémica e o confinamento tiveram "tanto nas artes como na vida", uma iniciativa que não foi planeada previamente, “resultou de sucessivos diletantes passeios pelas redes”, nas quais João Paulo Cotrim descobriu um mundo que palpitava criação artística, contou o editor à Lusa, em maio do ano passado.

O romance “O Plantador de Abóboras”, do escritor timorense Luís Cardoso, que venceu o Prémio Oceanos 2021, que anualmente destaca as melhores obras publicadas em língua portuguesa, foi um dos livros editados pela Abismo. A 8 de dezembro, o escritor, que reside em Lisboa, dedicou o galardão ao seu editor, João Paulo Cotrim, assinalando já então que se encontrava doente.

Na sua página de Facebook, o antigo presidente da Câmara de Lisboa prestou homenagem ao amigo "culto, inteligente, de bom humor".

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