Ucrânia/Rússia: "Uma das maiores hipocrisias que agora existe são os pacifistas". Europeias: “Um aborrecimento gigantesco”

CNN Portugal , DCT
3 jun 2024, 13:47

A campanha para as europeias parte para a última semana e Pacheco Pereira não vê um país mobilizado para o que está a ser discutido - até porque são “votadas coisas no Parlamento Europeu que são absolutamente ridículas”. Houve "Princípio da Incerteza" na CNN Portugal e os outros dois comentadores - Alexandra Leitão e Miguel Macedo - estão menos aborrecidos que Pacheco Pereira sobre o que tem sido discutido na campanha

Num balanço da primeira semana de campanha eleitoral, Alexandra Leitão destaca “um ponto positivo, talvez o principal ponto positivo”, referindo-se ao “facto de verdadeiramente se ter discutido política europeia”, sobretudo “políticas europeias que condicionam, ou pelo menos influenciam, muito a vida dos cidadãos dos Estados-membros”. No Princípio da Incerteza desta semana, Miguel Macedo concorda com este ponto, frisando que há candidatos “a fazer um esforço de puxar as questões europeias” para o debate - embora alguns o façam “de uma perspectiva, de um ponto de vista, errada”. A socialista lamenta, porém, “a tibieza de alguns candidatos e de algumas forças políticas no que toca aos direitos das mulheres”.

Pacheco Pereira não destaca pontos positivos da campanha eleitoral e não hesita mesmo em dizer que "é um aborrecimento gigantesco" e que isso se "vai refletir na mobilização", sugerindo que aquilo que levará os portugueses às urnas não são as políticas europeias ou a formação de um Parlamento Europeu: "As pessoas vão votar porque querem que a AD caia em Portugal ou que o PS ganhe. Isso é que vai ser o motivo".

O comentador é ainda bastante crítico quanto ao funcionamento do Parlamento Europeu, dizendo mesmo que se “votavam coisas no Parlamento Europeu que são absolutamente ridículas”, dando exemplos de médias sobre “máquinas de jogos e implantes mamários”. “O meu problema com o Parlamento Europeu é que ele é muito menos relevante do ponto de vista político do que a utopia europeia diz. Do ponto de vista político, porque as fraturas da política, da política nacional, não são transportadas para as fraturas no Parlamento Europeu. E isso significa que há um enorme artificialismo na maneira de funcionamento do Parlamento Europeu.”

"Privatizador" ou não?

Dias depois de se ter conhecido o plano de emergência para a saúde anunciado pela AD, a deputada socialista mostra-se preocupada com “intenções privatizadoras do Governo”, mas vai mais além: a socialista diz mesmo que o plano para a saúde apresentado pelo Governo de Luís Montenegro não tem medidas mas sim objetivos.

“O plano tem objetivos com os quais, diria eu, estamos todos de acordo: regularizar ou reduzir ou eliminar listas de espera de cirurgias, dando prioridade às oncológicas, quem não concorda com isto?; ou dar um médico de família a cada português, quem não concorda com isto?”, começa por dizer a deputada. “Eu acho que isto não são medidas, isto são objetivos. E depois temos de encontrar as medidas para prosseguir ou para conseguir alcançar estes objetivos”, adiantando-se que um deles  é a necessidade de assegurar médicos no Serviço Nacional de Saúde. “Nada disto se faz se não houver mais médicos, mais profissionais de saúde em geral e mais médicos em especial”, vinca, dizendo que não há nada sobre esta questão no plano apresentado pelo Executivo, nem sobre a formação de médicos. Alexandra Leitão adianta mesmo que o plano para a saúde vai mesmo “ter mais incentivos a que eles [os médicos] saiam do SNS”.

Miguel Macedo está "profundamente discordante" da visão de Alexandra Leitão sobre esta matéria e descarta a ideia de "privatização do SNS" - dizendo mesmo que não leu nada no programa que indique que o Governo decidiu “entregar tudo a privados”. Destaca também um pontos apresentados pelo Governo - o elevado número de pacientes em lista de espera para cirurgia e que já ultrapassaram o tempo máximo de resposta garantido (TMRG). "O Serviço Nacional de Saúde, tal como está agora, não está a dar resposta", responde Miguel Macedo, lamentando que a atual situação esteha a criar um cenário de “verdadeira desigualdade” entre a população.

Pacheco Pereira não comentou este tema.

"A Europa não é um continente de paz"

O fornecimento de armas à Ucrânia e o uso das mesmas para atacar a Rússia foi o único ponto deste programa em que os três comentadores estão de acordo nesta edição de O Princípio da Incerteza, embora Alexandra Leitão admita que "pessoalmente" teme o que isso poderá significar para a "escalada" do conflito com a "decisão simbólica da NATO" de permitir o uso de armas.

Pacheco Pereira afirma que a "Europa não é um continente de paz" e alerta para os riscos de uma possível vitória da Rússia, dizendo que tal poderia significar que se "concretiza a anexação formal" de um "parte importante do território" ucraniano. Neste cenário, "um risco de conflito a nível europeu é muito maior", defendendo, por isso, que "é fundamental" dar à Ucrânia "as condições de poder ganhar uma guerra, ou seja, poder não perder os territórios". Pacheco Pereira considera que se "as armas são fornecidas, as armas têm de ser usadas", vincando que uma das "maiores hipocrisias que agora existe são os pacifistas", os que acham que "não se pode responder" aos ataques russos.

Miguel Macedo segue a linha de pensamentos dos colegas de painel e diz mesmo que a Europa está a agora a olhar para si mesma e "não gosta do que vê em termos de defesa", lembrando que a Ucrânia não tem agora armamento nuclear porque assinou um memorando com a Rússia para obter a sua independência, sendo essa uma das condições.

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