Acusado de prostituição de menores por 20€, deputado municipal do Chega renuncia ao mandato

CNN Portugal , AM com Lusa - notícia atualizada às 12:10
6 fev, 10:53
Nuno Pardal

Caso foi denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do menor, depois de terem tido acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho

O deputado do Chega à Assembleia Municipal de Lisboa Nuno Pardal foi acusado pelo Ministério Público de dois crimes de prostituição de menores, noticiou esta quinta-feira o Expresso 'online'. Durante a manhã, o deputado anunciou, primeiro em declarações ao Observador e depois à Lusa, que vai renunciar ao mandato na Assembleia Municipal.

“Vou pedir renúncia de mandato, como é óbvio”, afirmou Nuno Pardal, que é também vice-presidente da Distrital de Lisboa do Chega.

Em declarações à agência Lusa, o deputado municipal do Chega confirmou a notícia de que foi acusado pelo Ministério Público de dois crimes de prostituição de menores agravados. A decisão de renúncia de mandato autárquico em Lisboa é, segundo Nuno Pardal, “primeiro de tudo, para preservar a imagem do partido [Chega]”.

“E, segundo, para eu tranquilamente poder tratar da minha defesa e demonstrar que estou inocente”, acrescentou.

“A única coisa que lhe posso dizer é que os factos que estão descritos, alguns, ou seja, os mais graves, não correspondem à verdade”, indicou à Lusa o deputado do Chega, recusando adiantar mais detalhes, uma vez que só teve acesso ao processo, incluindo a acusação do MP, na quarta-feira.

O eleito do Chega, porém, assegura: “Neste momento, a acusação, aquilo do qual eu sou acusado não corresponde à verdade”.

Nuno Pardal já contactou com o líder do grupo municipal do Chega, Bruno Mascarenhas, e com a direção nacional do partido, presidida por André Ventura: “Transmiti os factos, como é lógico, e disse o que é que iria fazer”.

A Lusa questionou o grupo municipal do Chega, que remeteu uma posição para a direção nacional do partido.

“Neste momento, o que menos importa é saber se eu continuarei ou não continuarei a ser militante”, apontou Nuno Pardal, referindo que a sua primeira preocupação é preservar o seu núcleo familiar e “tentar demonstrar” a sua inocência.

“Não quero implicar o partido em nada disto, porque isto não é um problema político, é um problema pessoal e, portanto, eu enquanto cidadão tenho logicamente direito à minha defesa e à minha presunção de inocência, principalmente”, declarou.

Conheceram-se no Grindr

De acordo com o semanário, o deputado do Chega, de 51 anos, praticou "sexo oral 'mútuo'" com um rapaz de 15 anos, a troco de 20 euros.

Nuno Pardal e o jovem conheceram-se no Grindr, uma aplicação usada para convívio entre homossexuais, passando depois a comunicar via Whatsapp, relata o Expresso com base na acusação do Ministério Público.

No dia 11 de julho de 2023, após um encontro junto a uma estação de comboios, os dois seguiram no carro do homem em direção a um pinhal. Durante o trajeto, o conselheiro nacional do Chega perguntou ao rapaz que idade tinha e este respondeu 15, segundo a acusação.

O caso foi denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do menor depois de terem tido acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho. Segundo o Expresso, algumas dessas mensagens são citadas na acusação do procurador Manuel dos Santos, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Cascais.

A idade legal para dar consentimento a relações sexuais com adultos é de 16 anos e, no caso de haver pagamento, 18 anos, pelo que, neste caso, o Ministério Público considera estar-se perante dois casos de recurso à prostituição de menores agravado, um consumado e outro na forma tentada, uma vez que Nuno Pardal procurou um segundo encontro, que foi recusado pelo jovem.

Ao Expresso, Nuno Pardal não negou o encontro com o adolescente, mas disse desconhecer que era menor de idade.

“Irei serenamente preceder à minha defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes”, afirmou ao jornal.

O jornal adianta ainda que, no mesmo processo, é acusado o instrutor de voo que foi julgado pela morte de uma criança e de um homem durante uma aterragem forçada na Praia de São João da Caparica, em 2017. O homem teve um encontro sexual com o mesmo menor, numa casa nos arredores de Lisboa. A acusação diz que este arguido também sabia que o menor tinha 15 anos e pagou 50 euros pelo encontro sexual.

Num outro caso, o jornal Açoriano Oriental noticia que o deputado do Chega no parlamento açoriano José Paulo Sousa foi apanhado numa operação stop da PSP na ilha das Flores, tendo acusado 2,25 gramas de álcool no sangue, uma situação que configura crime.

Esta situação acontece depois de o presidente do Chega, André Ventura, ter criticado fortemente um deputado do PSD que foi protagonista de um atropelamento e que acusou também uma taxa de alcoolemia superior à permitida por lei.

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