França, Alemanha e Tailândia são destinos de eleição para os naturistas, mas também tem opções mais perto de casa certamente. No entanto, nunca se deve esquecer de algo: leve e aplique protetor solar
A maioria de nós já sentiu a liberdade e o prazer de se despir para um fato de banho num dia de sol e mergulhar num mar fresco, com o horizonte a brilhar ao longe.
Mas o que dizer de largar as últimas tiras de tecido e ficar nu? Afinal, o fato do dia em que nascemos é o traje mais antigo do mundo e nunca passa de moda.
O movimento naturista surgiu na Europa no final do século XIX e é atualmente popular em todo o mundo. Por todo o globo, existem centenas de praias onde é perfeitamente legal largar os calções e as inibições e este é um número que só está a aumentar.
Os adeptos do naturismo podem agora fazer cruzeiros nus pelas Caraíbas ou planear um casamento nu numa ilha italiana.
Se é um novato na nudez mas está interessado em saber mais, temos algumas dicas sobre etiqueta na praia e em estâncias de especialistas em naturismo com décadas de experiência sem roupa. Eis os seus prós e contras e o que deve saber antes de partir.
1. Faça a sua pesquisa
"O naturismo significa coisas diferentes para pessoas diferentes e o termo é por vezes mal utilizado", diz Stéphane Deschênes, presidente da Federação Internacional de Naturismo (INF-FNI), a única organização mundial de naturismo. "Por isso, é preciso entender o que se está a procurar".
Não existe uma ideologia naturista única, mas, tipicamente, o estilo de vida tem a ver com a nudez social não sexual num ambiente familiar.
"Felizmente, o naturismo sempre foi muito bem organizado", diz Deschênes. O INF-FNI tem como objetivo ajudar as pessoas a encontrar consistência e fiabilidade na escolha de estâncias naturistas e tem-no feito há mais de 70 anos.
2. Mergulhe de cabeça
Chegou à praia ou estância escolhida e sente que toda a gente está a olhar para si. Mas não estão.
"Ninguém sabe que é a sua primeira vez", diz Ronna Krozy, uma professora reformada na casa dos 80 anos que é nudista há mais de 30 anos. Em 2023, mostrou à CNN as cordas na Solair Recreation League, uma estância de nudismo familiar e um parque de campismo em Woodstock, Connecticut.
"Na verdade, talvez seja mais fácil ir para um sítio com muita gente e continuar a fazer o mesmo, ou melhor ainda, tirar tudo", diz ela.
Tal como entrar na própria água, por vezes é melhor mergulhar diretamente.
3. Mantenha a distância
Comporte-se como se estivesse num "piquenique de igreja", diz Krozy, que também é presidente de relações públicas da American Association for Nude Recreation (AANR), a principal organização naturista dos Estados Unidos.
"Não estacione a sua cadeira ou a sua toalha demasiado perto de ninguém", acrescenta. "Tudo o que pareça atividade sexual, como encostar o corpo a outra pessoa, não é permitido."
E embora os nudistas sejam conhecidos por fazerem malas leves, há um item que nunca deve faltar.
"Traga sempre uma toalha para se sentar, porque isso é para a higiene de todos."
4. Não olhar fixamente nem tirar fotografias
Estabelecer contacto visual? Iniciar uma conversa amigável? Tudo isso é mais do que bem-vindo, diz Krozy. "Olhe as pessoas nos olhos, porque isso pode ajudá-lo a descobrir onde colocar a sua atenção, e não fique a olhar, porque isso é considerado rude e indelicado."
Os óculos de sol são, obviamente, um acessório de praia comum - mas não tente esconder-se atrás deles para espreitar os seus vizinhos.
Tirar fotografias ou fazer vídeos sem a autorização das pessoas também é um grande erro. Só porque se perde a roupa não significa que se deva perder a educação.
É simplesmente uma conduta humana decente não ser "demasiado agressivo" ou "deixar as pessoas desconfortáveis por não lhes dar espaço suficiente", diz Deschênes. "Estas são todas as coisas sensatas a fazer em todas as situações."
5. Não faça comentários sobre o corpo das pessoas
"Não se deve falar sobre o corpo de ninguém, mesmo que se pense que é um elogio", diz Krozy.
Embora vivamos numa sociedade cada vez mais aberta no que diz respeito à exibição de carne, é uma faca de dois gumes, diz Deschênes. "De certa forma, as pessoas ficam menos chocadas com a ideia de nudez, mas, por outro lado, essa nudez tem sido geralmente hipersexualizada e objectificada."
Uma perceção errada comum, diz ele, é que "as pessoas muitas vezes pensam que o naturismo é sobre não usar roupas. Mas não é esse o objetivo. É simplesmente a ferramenta que usamos para alcançar a aceitação do corpo".
O resultado feliz disto, diz, é que "cria melhores relações entre as pessoas porque são mais abertas e honestas e verdadeiras sobre quem são em si mesmas". O vestuário não é apenas uma questão de proteção, diz Deschênes. "O vestuário tem sobretudo a ver com a posição e o estatuto e com o facto de escondermos quem somos e de tentarmos ter uma aparência que a sociedade nos diz que devemos ter."
6. A excitação indesejada não é o problema que pensa que é
Tanto Krozy como Deschênes dizem que uma das perguntas mais frequentes que lhes é feita é o que acontece se um homem ficar fisicamente excitado. A verdade é que isso não acontece muitas vezes.
"É um grande medo", diz Deschênes, "e é compreensível, uma vez que a maioria dos homens passou toda a sua vida a ligar a nudez ao sexo".
No entanto, a natureza não sexual do ambiente em geral significa que é uma ocorrência rara, explica, e também, "quando se está muito nervoso como homem, não funciona muito bem".
No entanto, Krozy tem este conselho para qualquer homem que se veja apanhado em flagrante: "Pega na tua toalha e cobre-te. Vira-te na areia. Corre para a água fria". Se tudo o resto falhar, concentre-se em pensamentos aborrecidos como "deitar o lixo fora".
Da mesma forma, uma pergunta comum das mulheres é o que devem fazer se estiverem com o período. A resposta é que devem fazer o que as fizer sentir mais confortáveis.
Podem usar roupa interior, se preferirem pensos, podem usar copos menstruais se for essa a sua opção, ou se gostarem de tampões, podem usá-los também. "Se alguém vir o fio, não faz mal", diz Deschênes. "Ter um período é uma parte normal da vida."
7. Não confundir os estilos de vida alternativos
No nosso mundo globalizado e hiperconectado, as comunidades de pessoas com os mesmos interesses podem encontrar-se com mais facilidade do que nunca, o que faz desta uma época de ouro para os estilos de vida alternativos. Mas não se sinta tentado a pensar em comunidades discretas de naturistas, nudistas, poliamoristas, não-monogâmicos éticos e entusiastas de fetiches como um grande grupo.
"Somos sempre confundidos com as pessoas sexualmente libertadas e isso nunca foi o que somos e continua a não ser", diz Deschênes. "Não há nada de errado com todas essas comunidades - o meu único problema é quando as misturamos. Um amigo meu fez uma analogia muito boa. Disse: 'Pode-se jogar ténis e pode-se jogar basebol, mas não se deve tentar jogar basebol num campo de ténis'."
8. Gostou da experiência? Então explore mais
Já explorou as suas opções locais e agora quer ir mais longe. "Em termos de escala. A França é de longe o destino número um para o naturismo e tem-no sido durante muitos anos", diz Deschênes. "Sempre tiveram a vantagem de ter muitas praias bonitas, o oceano e o mar."
A Alemanha também tem muitas oportunidades de naturismo e, devido à aceitação cultural de longa data da nudez, por vezes é possível tirar a roupa em ambientes menos formais, como os parques. Também é muito comum em spas - ele recomenda o Taunus Thermae, nos arredores de Frankfurt.
"Pode não se pensar na Tailândia, por exemplo, como um destino naturista, mas há lá algumas estâncias encantadoras", diz Deschênes. "É muito limitado a essas estâncias, porque a cultura em geral não é favorável ao naturismo. Mas há algumas estâncias muito bonitas e o país aceita-as muito bem. Depois, claro, há muitas oportunidades nas Caraíbas e até na América do Sul."
Com estes conselhos na mão, tudo o que precisa de fazer é começar a fazer as malas. Não se esqueça do protetor solar.
