Recondução de Marta Temido na Saúde divide ordens e sindicatos

Agência Lusa , DCT
23 mar 2022, 21:34
Marta Temido

De “é uma pena” a “escolha acertada”, as ordens e sindicatos relacionadas com os profissionais de saúde dividem-se quanto à continuidade da ministra da saúde

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros considerou esta quarta-feira “uma pena” a recondução de Marta Temido como ministra da Saúde, considerando que, se não mudar de trajetória, "ficará na história como a pior ministra” desta área.

“Vamos continuar a ajudar sempre, mas é uma pessoa que, se não corrigir a trajetória, fica na história como a pior ministra da Saúde”, disse à agência Lusa Ana Rita Cavaco.

Depois de considerar que a recondução de Marta Temido “é uma pena”, a bastonária salientou que, da primeira vez que a ministra foi nomeada, a Ordem dos Enfermeiros (OE) deu o “benefício da dúvida, mas este foi um caminho muito difícil”. “Foi uma ministra que não fala com ninguém”, salientou Ana Rita Cavaco, ao considerar que Marta Temido “nunca quis discutir o internato da especialidade dos enfermeiros e não foi feita uma única reforma do Serviço Nacional de Saúde”. Para a bastonária, é necessária uma reforma profunda da forma de financiamento do SNS, “que não pode estar centrado nos hospitais”, mas sim nos cuidados de saúde primários e na comunidade.

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Hélder Mota Filipe, considerou “uma escolha acertada” a recondução de Marta Temido na pasta da Saúde, desejando-lhe as “maiores felicidades” nestes “tempos complicados” pós-pandémicos e de guerra. “É uma notícia bastante agradável”, disse à agência Lusa Hélder Mota Filipe, contando que já tiveram oportunidade de trabalhar juntos noutras situações.

Já o Sindicato Independente do Médicos (SIM) manifestou “alguma esperança” que Marta Temido, mas espera uma mudança na “atitude de arrogância”. “O senhor primeiro-ministro naturalmente tem toda a legitimidade para escolher o Governo e em relação a isso nada a dizer. Já em relação a Marta Temido, alguma esperança para que a atitude de arrogância e a incapacidade de diálogo seja alterada”, adiantou à agência Lusa o secretário-geral do SIM.

Segundo Jorge Roque da Cunha, através do diálogo com os sindicatos, “coisa que se recusou ao longo do seu mandato”, será possível “mitigar a incapacidade que demonstrou em aumentar o investimento no Serviço Nacional de Saúde e em reverter o aumento de utentes sem médico”. Segundo disse, a ministra da Saúde deve, ao “invés de eleger a propaganda como forma de ação política, falar verdade aos portugueses”, alegando que dessa forma será possível convencer o novo ministro das Finanças e o primeiro-ministro que é necessário mais investimento no SNS.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) desafiou a ministra da Saúde, a resolver os “problemas” desta classe profissional o “mais rapidamente possível”, alegando que Marta Temido conhece os dossiers e as soluções.

“O que se espera é que, o mais rapidamente possível, estes problemas sejam resolvidos”, uma vez que Marta Temido “não precisa de perder tempo em inteirar-se” destas matérias, disse à agência Lusa a dirigente nacional do SEP Guadalupe Simões. Para a sindicalista, a ministra da Saúde é “conhecedora dos problemas e das propostas de solução”, já existindo mesmo a decisão política em relação a algumas das questões reivindicadas pelos enfermeiros.

 

Novo Governo

Mais Novo Governo

Patrocinados