Em causa estão inquéritos antigos que correm no DCIAP
A Polícia Judiciária está na manhã desta quarta-feira a fazer buscas na sede do Novo Banco, e na consultora KPMG, por suspeitas de crimes relacionados com a venda de ativos do extinto Banco Espírito Santo, apurou a CNN Portugal.
Estão mais de 100 inspetores envolvidos, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, em cerca de 30 buscas que passam também por escritórios de advogados, num caso que envolve igualmente o fundo Lone Star.
A CNN sabe que em causa estão inquéritos antigos, que correm no DCIAP, e esta operação de buscas e recolha de documentação visa o encerramento dos mesmos - com despachos de acusação ou arquivamento.
Em causa estão sobretudo suspeitas relacionadas com vendas abaixo dos valores de mercado de ativos valiosos do banco - gerando elevados proveitos com posterior pagamento de comissões indevidas.
Em comunicado, a PJ esclarece que está a realizar "na zona da Grande Lisboa, uma operação policial, no âmbito de um inquérito dirigido pelo DCIAP, que visa a execução de dezenas de mandados de busca e apreensão e de pesquisa informática, em que se investigam factos suscetíveis de consubstanciar a prática dos crimes de corrupção passiva e ativa no setor privado, burla qualificada e branqueamento".
"Em causa estão suspeitas de terem sido praticadas diversas ilegalidades na venda de ativos imobiliários detidos por uma instituição bancária apoiada financeiramente pelo Estado português, através do Fundo de Resolução, resultando dessas operações avultados prejuízos para o Banco em questão e para os interesses do Estado", adianta o comunicado.
A CNN sabe que um dos episódios em causa na investigação, já noticiado pelo Público em março, diz respeito a uma quinta do Novo Banco no Meco, a herdade da Ferraria, que terá sido vendida por 1,5 milhões de euros à mulher de um gestor da Lone Star, como rústica, quando era uma zona edificável com um valor de mercado muito superior.
Outra das situações sob investigação, denunciada pelo jornal Público em agosto de 2020, diz respeito ao facto de o Novo Banco ter vendido, em 2019, a GNB Vida - atual Gama Life - a fundos geridos pela Apax Partners com um desconto de cerca de 70% face ao valor contabilístico inscrito no balanço daquele ano. Em causa, uma operação que gerou uma perda para o Novo Banck de 268 milhões de euros.