Costa anuncia data para o novo aeroporto de Lisboa: será em 2023 (e Montenegro fará parte da solução)

12 set 2022, 23:11

Em entrevista à TVI/CNN Portugal, o primeiro-ministro afirmou que foi o primeiro chefe de Governo a tentar a solução que tinha recebido do antecessor, mas culpou Rui Rio pela indecisão

O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que o local do novo aeroporto de Lisboa vai ser definido em 2023. Em entrevista à TVI/CNN Portugal, António Costa revelou que a situação está a ser discutida com o novo líder do PSD, Luís Montenegro, apontando que sempre entendeu ser necessário um consenso alargado para a construção da infraestrutura.

Lembrando que esta questão já se discute há mais de 50 anos, ainda António Salazar era presidente do Conselho, o chefe do Governo revelou que "vamos ter condições para, no próximo ano, termos essa decisão".

"Tenho tido contactos com o novo líder do PSD, estaremos não muito distantes para fixarmos a metodologia de avaliação ambiental para as diferentes soluções", disse, garantindo que a solução final será resultado de um consenso entre as duas partes, algo que diz sempre ter defendido. De resto, e puxando dos galões, António Costa afirmou que foi o primeiro-ministro a apostar numa solução de continuidade: "Eu quando cheguei ao lugar de primeiro-ministro não andei para trás, agarrei na decisão do meu antecessor e disse ‘vamos levar esta decisão para a frente'.”

O seu antecessor era Pedro Passos Coelho e essa decisão era fazer o aeroporto no Montijo, mas, segundo António Costa, a chegada de Rui Rio à liderança dos sociais-democratas voltou a atrasar a questão, uma vez que "Rui Rio começou a ter dúvidas".

"Como era necessário alterar a lei e não havia maioria na Assembleia da República, e só o podíamos fazer com o PSD, Rui Rio pôs uma condição, realizar a avaliação ambiental estratégica", recordou, dizendo que o mesmo processo deverá ocorrer agora com Luís Montenegro.

"E depois da avaliação ambiental estratégica concluída se tomará uma decisão final", acrescentou, referindo que os diálogos com o líder da oposição têm decorrido de forma "serena".

António Costa sublinhou que tem insistido desde 2015 que "grandes projetos de obras públicas devem merecer o apoio de pelo menos dois terços dos partidos representados na Assembleia da República", uma vez que são obras a executar para décadas.

"Consumirmos um ano que seja para podermos ter uma decisão definitiva para um problema que se arrasta há mais de 50 anos, abençoado ano que vamos investir até final de 2023", reforçou.

Questionado sobre se o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, tem estado presente nas reuniões entre o primeiro-ministro e Luís Montenegro, António Costa respondeu: "O ministro Pedro Nuno Santos estará presente nos momentos em que tivermos de encerrar o acordo e sobretudo em que tivermos de executar o que for decidido porque é o ministro de Infraestruturas e Habitação que necessariamente que vai pôr em prática."

Confrontado novamente com a questão, não respondeu. Recorde-se que no fim de junho houve uma grande polémica, precisamente por causa do aeroporto, depois de o ministro ter emitido um despacho em que o Governo decidia fechar o aeroporto Humberto Delgado quando estivessem prontas as infraestruturas de Alcochete e Montijo. António Costa decidiu revogar o despacho, originando uma crise rapidamente sanada.

“Vamos cingir-nos ao seguinte: acho que muito brevemente estaremos em condições de haver um entendimento entre o Governo e o PPD/PSD sobre a metodologia a seguir para uma avaliação ambiental estratégica que permita ao país ter uma decisão no final de 2023 e que, desejavelmente, e tudo farei para que assim aconteça, seja uma decisão que tenha não só o apoio deste Governo, que tenha pelo menos o apoio do principal partido da oposição e, se possível, de todos os outros partidos”, concluiu António Costa.

O primeiro-ministro reconheceu que a demora na decisão sobre o novo aeroporto custa muito dinheiro ao Estado. Com efeito, numa notícia exclusiva da CNN Portugal foi revelado este domingo que esse custo ronda os 35,93 euros por segundo.

Montenegro só fala com Costa

O presidente do PSD admitiu que o único interlocutor com quem fala no Governo sobre o aeroporto é o primeiro-ministro, e assumiu que tem havido diálogo, apesar de se manter discreto.

“Tenho utilizado toda a descrição e recato a comentar o processo de diálogo que nós abrimos com o Governo a esse respeito, mas não é novidade para ninguém que a condição que eu coloquei, inicial, para poder haver esse diálogo era que nos entendêssemos quanto a uma metodologia”, afirmou Luís Montenegro.

O líder social-democrata falava à chegada a Mangualde, para uma assembleia distrital do partido, no distrito de Viseu, onde esta semana cumpre a primeira semana do programa “Sentir Portugal”, que fez coincidir com o fim da entrevista do primeiro-ministro à TVI/CNN Portugal.

“Estamos efetivamente a manter esse diálogo aberto, os dois, já agora, para que fique claro, o doutor António Costa não o quis assumir, mas eu assumo-o. As conversas que temos tido são a dois, o meu interlocutor é o doutor António Costa, primeiro-ministro”, sublinhou.

Luís Montenegro acrescentou que não fala “diretamente com o ministro das Infraestruturas” e, isso, destacou, “é ponto assente, não vale a pena estar com subterfúgios, mais uma vez de linguagem, de retórica política”.

“Eu sou direto e era bom que o país também tivesse um primeiro-ministro direto, em vez de andar sempre a dissimular as coisas, enfim, é uma forma de ser, eu respeito, não é a minha”, acusou.

E, para falar “de uma forma direta”, assumiu que os dois responsáveis políticos estão “a caminhar no sentido de obter um entendimento quanto à metodologia” do novo aeroporto de Portugal e para o qual o PSD vai apresentar “balizas metodológicas” ao Governo.

Neste sentido, lembrou que é o primeiro-ministro e o Governo quem decide, a decisão não é da oposição, mas se o PSD se conseguir “rever nessa decisão, tanto melhor” para o processo avançar.

“Como o doutor António Costa disse, há condições para no espaço de uns meses, um ano, até ao final do próximo ano, o Governo poder tomar uma decisão com todos os elementos que do nosso ponto de vista são necessários para que essa decisão seja tomada”, disse.

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