opinião

Fareed Zakaria

10 mai 2022, 07:00

Notas Soltas

Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, o neoliberalismo pareceu ter triunfado como a forma acertada de organizar o mundo, ou seja o modelo que melhor permitia uma maior prosperidade. Na realidade, tal previsão não se veio a confirmar. O mundo ficou mais desigual e também mais instável. Prova disso é a guerra na Ucrânia.

"A Rússia dispõe do maior arsenal nuclear do mundo e desafia a América de uma maneira frontal". Estas palavras são do jornalista norte- americano da CNN, Fareed Zakaria. Para ele, a guerra veio demonstrar uma outra realidade: "Acabou o mundo tal como estava desenhado, no qual a economia dominava a política".

É precisamente a isto que estamos a assistir. A análise de Zakaria está a ser validada. 

Quem é este homem? De origem indiana, chegou aos EUA nos anos 80, estudou em Harvard sob a direção de Samuel Huntington, o autor do livro "O Choque das Civilizações" . 

Zakaria começou a trabalhar na revista "Foreign Affairs" na década de 90. Tem um programa com o seu nome na CNN Internacional. É uma das vozes mais influentes em questões gelo-políticas nos Estados Unidos. 

"Nós assistimos ao fim da «Pax Americana». Desde o fim da URSS em 1991 com Boris Yeltsin, os EUA foram os guardiões da ordem internacional embora nunca tenha existido uma total pacificação ao nível das relações internacionais".

No plano económico, a China impôs -se. Desde 1981, com as reformas de Deng Xiao Ping que levaram à criação de "um país, dois sistemas", a RPC passou a ter taxas de crescimento na ordem dos 20 por cento e Xangai impôs -se a Singapura e a Hong- Kong como a principal praça financeira do mundo. Hoje, a China já não tem os números de crescimento de outrora, mas é uma potência económica. 

Politicamente, na nova ordem internacional que resultou do fim da Guerra Fria, existiram falhanços: a Bósnia, o Iraque, o Afeganistão, a Síria e os fracassos que decorreram da chamada "Primavera Árabe".

Tudo mudou desde 24 de Fevereiro. Os historiadores estão a assistir a um tempo novo. Há muito para pensar.

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