Novas imagens mostram a jovem iraniana Nika Shakarami a queimar o véu antes de morrer às mãos da 'polícia da moralidade'

11 out 2022, 10:07

De acordo com o relato da mãe, a jovem de 16 anos foi perseguida, detida e assassinada pelas autoridades. Estas têm uma versão diferente dos factos

Foram divulgados nas redes sociais novos vídeos dos momentos que antecederam a detenção e morte da jovem iraniana Nika Shakarami, de apenas 16 anos, alegadamente às mãos da polícia iraniana. Quem o diz é a mãe da jovem, Nasrin Shakarami, num relato feito à BBC Persian

Nestas imagens agora divulgadas, com a data de 20 de setembro, é possível ver Nika em cima de um caixote do lixo, que estava derrubado no chão, a queimar o seu próprio véu (habitualmente conhecido como 'hijab'), enquanto um grupo de manifestantes gritava palavras de ordem contra a República Islâmica.

De acordo com o relato da mãe, horas depois deste protesto, a jovem de 16 anos foi perseguida e detida pelas autoridades e encontrada morta 10 dias depois num centro de detenção. Nasrin Shakarami acusa as forças de segurança de terem assassinado a filha, mas estas têm uma versão diferente dos factos. Dizem que Nika morreu depois de ter sido atirada de um prédio que estava ainda em construção, provavelmente por um grupo de trabalhadores. 

Na semana passada, a televisão estatal iraniana transmitiu umas imagens desfocadas que mostravam uma jovem ou uma mulher, que foi identificada como sendo Nika, a andar num beco e a entrar num prédio. No entanto, a mãe, em declarações à BBC Persian, disse que aquela não era a filha e que a entrevista que os seus irmãos deram à televisão estatal não passou de uma "confissão forçada" com base em "ameaças". 

Outros familiares da adolescente iraniana também negaram que fosse Nika nestas imagens, alegando que o andar da jovem não era daquela forma. Contaram ainda que localizaram o cadáver da jovem numa morgue 10 dias depois do seu desaparecimento e as autoridades só lhes concederam alguns segundos para olharem para o rosto e identificar se era ou não Nika. Ou seja, a família não foi autorizada a ver resto do corpo. 

Desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, às mãos de 'polícia da moralidade', que o Irão tem estado sob fortes protestos. Nika e Mahsa não foram as únicas mulheres a perder a vida no âmbito destas manifestações. Há relatos de uma outra jovem de 22 anos, Hadis Najafi, que, segundo a família, foi morta a tiro pelas forças de segurança enquanto protestava na cidade de Karaj. Uma outra, de 16 anos, identificada como Sarina Esmailzadeh, terá supostamente morrido depois de ter sido espancada com cassetetes na mesma cidade. 

O último balanço realizado pela organização não-governamental Iran Human Rights, com a data de 8 de outubro, revelou que desde o início dos protestos, a 20 setembro, já morreram 185 pessoas, das quais 19 eram crianças. No entanto, na segunda-feira, a Iranian Children's Rights Society (Sociedade Iraniana para a Proteção dos Direitos das Crianças) disse que o total de crianças mortas era já de 28. 

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