O facto de a Ucrânia ter sido capaz de atingir um alvo com mísseis a uma distância de mais de 240 quilómetros parece comprovar a informação de que as forças de Kiev utilizaram os mísseis de longo alcance recém fornecidos por Washington
As más notícias ainda não pararam de chegar para a frota russa do Mar Negro. O exército ucraniano afundou o navio de guerra Tsiklon, um dos mais modernos e o último desta frota capaz de disparar mísseis cruzeiros, no porto de Sebastopol, na região da Crimeia. A informação está a ser avançada por vários bloggers militares russos, horas depois de o Ministério da Defesa da Ucrânia ter noticiado que tinha afundado outra embarcação no domingo.
De acordo com a plataforma de notícias Astra, o cais onde o navio estava atracado foi atingido por três mísseis ATACMS, que tiraram a vida a seis militares e feriram outros onze. De acordo com fontes russas, nove mísseis foram abatidos pelas defesas antiaéreas.
O facto de a Ucrânia ter sido capaz de atingir um alvo com mísseis a uma distância de mais de 240 quilómetros parece corroborar a informação de que as forças de Kiev utilizaram os mísseis de longo alcance recém fornecidos por Washington DC. Mas o facto de terem sido atingidos alvos a essa distância pode indicar que a administração Biden enviou a versão mais evoluída aos dispor das forças americanas.
A confirmar-se que estes mísseis foram responsáveis pela destruição deste navio, o ataque é uma das maiores conquistas ucranianas no Mar Negro nos últimos meses. Estes projéteis são utilizados para atingir alvos em terra e não havia, até ao momento, qualquer registo de que tenham sido utilizados contra embarcações.
Estes ataques revelam uma difícil realidade para a Rússia. As famosas defesas antiaéreas S-400, que Moscovo diz ser o sistema mais avançado do mundo, não foram capazes de intercetar os mísseis norte-americanos. Esta realidade faz com que o porto de Sebastopol, atual casa da frota do Mar Negro, esteja ao alcance de futuros ataques ucranianos.
No passado, a Ucrânia tem utilizado um misto de técnicas para atingir os navios russos que operam na região. Até à data, quase todos os ataques tinham utilizado armas desenvolvidas e produzidas na Ucrânia, como os mísseis Neptuno e diversas classes de drones navais.
A exceção foi quando a Ucrânia utilizou uma combinação de mísseis SCALP e Stormshadow para atingir um navio de assalto anfíbio, um submarino e o quartel-general da Frota do Mar Negro, em setembro de 2023.
Essa vaga de ataques levou a marinha russa a retirar alguns dos mais importantes navios do seu principal porto militar de Sebastopol, transferindo as embarcações para o ponto de Novorossisk.
No domingo, dia 19 de maio, a Ucrânia tinha noticiado ter afundado o navio Kovrovets, no mesmo porto de Sebastopol. A marinha ucraniana utilizou mesmo as redes sociais para partilhar uma imagem do navio e a descrição de que estava a ser "mais um dia mau para a frota do Mar Negro".
Another bad day for the russian Black Sea Fleet.
— Defense of Ukraine (@DefenceU) May 19, 2024
Overnight, Ukrainian defenders destroyed a russian minesweeper Project 266M "Kovrovets".
Great job, warriors! pic.twitter.com/ol4reKtuN6
O Tsiklon tinha uma tripulação de 70 marinheiros e oficiais e era um dos projetos navais mais recentes da marinha russa. O intensificar dos ataques navais ucranianos obrigou Moscovo a proteger os seus navios e o Tsiklon acabou por nunca ser utilizado para atacar a Ucrânia, reduzindo-se a operações de natureza defensiva, na região.
O Tsiklon, que entrou em serviço em 2023, é uma corveta lança-mísseis capaz de disparar os mísseis cruzeiro Kalibr e Oniks, que a Rússia tem utilizado com frequência para atingir posições ucranianas um pouco por todo o país. Era o último navio da frota do Mar Negro capaz de o fazer.
Ao longo de mais de dois anos de guerra, a frota russa no Mar Negro tem vindo a sofrer pesadas perdas contra o exército ucraniano, que não possui qualquer embarcação. Em mais de 850 dias de guerra, as forças ucranianas afundaram mais de 20 embarcações de diversos tipos, quase um terço de toda a frota.
Entre as perdas destaca-se o cruzador Moskva, o navio bandeira da frota, mas também cinco dos sete principais navios de desembarque anfíbio foram destruídos por Kiev.