Jovem salva bebé de quatro meses de naufrágio no Mediterrâneo e imagens correm mundo

CNN Portugal , FMC
6 jul 2022, 23:53

Vídeo partilhado nas redes sociais mostra como o jovem conseguiu salvar o bebé

Um jovem de 17 anos tornou-se num herói depois de salvar um bebé de apenas quatro meses que caiu ao mar após um naufrágio no Mar Mediterrâneo. O adolescente foi um dos sobreviventes do desastre que ocorreu no passado dia 27 de junho à noite perto da costa da Líbia, e que acabou com 30 mortos.

Um fotojornalista francês, Michael Bunel, que estava com a equipa de resgate, filmou o momento de chegada ao local. No jornal francês Brut, o jornalista classifica a situação como "realmente catastrófica".

"Num pedaço de madeira, havia três pessoas, incluindo um homem que tinha um bebé aos ombros", descreveu.

No vídeo partilhado no Twitter consegue ver-se o jovem a segurar o bebé e a lutar para que fique fora de água.

Segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), o jovem terá dito que "era um bom nadador" e que foi "para salvar pessoas", e foi exatamente o que fez. Nadou para salvar o bebé e agarrou-o enquanto o navio Geo Barents dos MSF chegava, noticia o The Guardian.

Citado pelo jornal britânico, Michael Bunel indicou que conseguiam ouvir o adolescente a gritar “há um bebé, há um bebé”.

A equipa dos MSF retirou o bebé da água e uma vez que este já não respirava, iniciaram uma massagem cardíaca que acabou por salvar a vida da criança. Durante a noite, tanto o bebé como a mãe foram enviados para um hospital em Malta. 

O jovem está entre as dezenas de migrantes que seguiam num barco que atravessava o mar Mediterrâneo e que naufragou a semana passada. 71 pessoas, incluindo crianças, foram resgatadas pelo navio Geo Barents dos MSF e 30 morreram, entre os quais inclui-se uma grávida que acabou por não sobreviver apesar das tentativas de reanimação a bordo do navio.

Segundo afirmou Safa Mselhi, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações da ONU, o barco só foi detetado depois de estar nove dias no mar, refletindo a falta de fiscalização e de salvamento por parte dos Estados neste tipo de situações.

Stephanie Hofstetter, líder da equipa médica a bordo, afirmou na altura, que "pelo menos 10 pessoas, na sua maioria mulheres, sofriam de queimaduras de combustível médias a graves e necessitavam de tratamento adicional além do que podia ser entregue a bordo".

Apesar disso, os sobreviventes tiveram ainda de esperar quase cinco dias até que pudessem ser acolhidos em terra. Só foi dada permissão de desembarque no sábado, na cidade de Taranto, em Itália, após vários apelos por parte dos MSF a Malta e Itália.

Juan Matías Gil, representante de busca e salvamento dos MSF, culpa a União Europeia por este tipo de catástrofes. "Este acontecimento traumático é uma consequência mortal da crescente inação e desinteresse dos Estados europeus e outros Estados fronteiriços, incluindo Itália e Malta, no Mar Mediterrâneo", lê-se no site dos MSF. 

"As tragédias no mar continuam a custar milhares de vidas, e estas pessoas estão a perder-se às portas da Europa, com absoluto silêncio e indiferença por parte dos Estados da UE", critica Matías Gil. 

De acordo com a organização, "atualmente, o Mar Mediterrâneo continua a ser a fronteira mais mortífera do mundo, com 24.184 migrantes desaparecidos registados desde 2014 e 721 só em 2022. Os Estados-Membros da UE e os Estados fronteiriços com o Mar Mediterrâneo estão a condenar as pessoas a afogarem-se sob políticas de não-assistência."

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