Trump, o irritado, está a irritar os espanhóis. Agora dizem que todos temos para com ele uma dívida muito "GRANDE"

24 jun, 18:33
Rutte Trump

Um leak de um secretário-geral da NATO e um confronto anunciado com Espanha. Afinal, quem manda na NATO?

Vamos diretos à resposta da pergunta aqui em cima. Quem manda na NATO são os Estados Unidos e ninguém tem propriamente dúvidas disso. Mas Donald Trump quis tirar todas as possíveis dúvidas. E para isso recebeu o respaldo político do secretário-geral da Aliança Atlântica.

No meio da habitual diplomacia de redes sociais que ganhou esta terça-feira um novo fôlego, o presidente norte-americano decidiu brindar-nos com um leak. Uma fuga de informação. Um vazamento, dirá quem fala português do Brasil.

Mas não foi um leak qualquer, já que a partilha incluiu uma mensagem pessoal do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. Lá vinha escrito o que Donald Trump tanto gosta: um elogio pessoal.

Mas vinha mais, nomeadamente um posicionamento claro do lado norte-americano em relação ao que os Estados-membros devem gastar em Defesa.

"Senhor presidente, querido Donald. Felicitações e agradecimentos pela sua ação decisiva no Irão, foi algo verdadeiramente extraordinário e algo que ninguém podia, jamais, atrever-se a fazer. Fez com que estejamos todos mais seguros. Estás a voar até outro grande êxito em Haia. NÃO tem sido fácil, mas todos estão a concordar com os 5%. Donald, conduziu-nos a todos a um momento muito, muito importante para a América, Europa e mundo. Conseguirás o que NENHUM outro presidente pôde fazer em décadas. A Europa vai pagar-lhe em GRANDE, como deve, e essa será a sua vitória.

Isso mesmo. No arranque da cimeira da NATO em Haia, Países Baixos, o presidente do país mais poderoso do mundo quis mostrar a todos que o secretário-geral da aliança tem uma visão preferida.

“Existe um comprometimento do presidente dos Estados Unidos… com a NATO. Contudo, isso surge com a expectativa de que vamos lidar com este grande irritante de não estarmos a gastar o suficiente”, disse Mark Rutte à entrada para a cimeira.

Esse irritante são os 5% de gastos em Defesa que Donald Trump atirou para cima da mesa, mesmo que os Estados Unidos nem chegam aos 4% de gastos e até existam países a gastar mais.

Alemanha, França e Reino Unido já disseram que estão dispostos a ir ao encontro da ideia, mas há países a tornar o tal “irritante” ainda mais irritante. Irritação por irritação, é Espanha que está a irritar mais o presidente dos Estados Unidos, já que conseguiu um acordo bilateral para não ser obrigada a atingir esse objetivo, caso ele venha a ser imposto.

Para ir ao encontro das exigências de Donald Trump, Mark Rutte pediu a todos - incluindo a Portugal - que cheguem aos 5% de gastos em Defesa até 2035. É um número que ainda não está fechado e que é o grande ponto de discussão em Haia, mas a proposta divide-se entre 3,5% para gastos militares e 1,5% para infraestruturas e áreas como a cibersegurança.

E depois de ter dito que era “notória” a falta de comprometimento de Espanha, que em 2024 gastou menos de 1,30% em Defesa, Donald Trump voltou esta terça-feira ao ataque.

“Há um problema com Espanha. Espanha não está [a concordar]. E isso é muito injusto para os restantes”, atirou, ainda antes de revelar as tais mensagens de Mark Rutte.

Mensagens que, como as declarações, estão a gerar outro irritante. Um irritante espanhol perfeitamente espelhado no artigo publicado pelo correspondente do El Mundo em Washington, DC. Pablo R. Suanzes fala numa autêntica “vassalagem” da NATO ao presidente dos Estados Unidos, com frases de “louvor” a Donald Trump.

“Estas palavras, parte de um SMS que o presidente dos Estados Unidos publicou esta terça-feira nas redes sociais, não são de um membro do governo ou de um partido, ainda que sejam redigidas no mesmo estilo que todos usam em público para se dobrarem ao líder. Não são de um admirador, um lobista à procura de favores ou de alguém a querer um cargo. Não são sequer do executivo israelita, eufórico por conseguir que Washington tenha lançado um bombardeamento ao Irão depois de 30 anos a pedi-lo. É a mensagem do secretário-geral da NATO, o neerlandês Mark Rutte”, pode ler-se no mesmo artigo, que vê o líder da Aliança Atlântica num lugar “comprometedor”.

E.U.A.

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