É a combinação ideal entre a nostalgia e a diversão. Há muitas formas de aplicar esta tendência. Mas, quanto mais exagerado, melhor. É caso para dizer: Merry "Kitschmas"
Ele há com cada uma nas redes sociais. Com o Natal aí à porta, há uma tendência que há muito vem ganhando força pelo mundo digital. Chama-se “Kitschmas”. Não se preocupe, nós traduzimos.
O nome é formado pela junção de duas palavras: “Kitsch” e “Christmas”. Diz o dicionário que kitsch é uma “tendência, manifestação ou conjunto de objetos que são considerados de mau gosto ou de má qualidade, pelo facto de terem características geralmente associadas ao gosto popular”. Já “Christmas” quer dizer Natal.
Segue um resumo: esta tendência recupera objetos antigos, alguns dos tempos das nossas avós, que muitos considerariam pirosos. Há depois múltiplas referências à cultura pop(ular). E o exagero é palavra de ordem.
Se há um sítio em Portugal para tentar aplicar esta tendência é a Feira da Ladra, em Lisboa. Fomos testar a sorte. E cruzámo-nos logo com Lina Lopes, “fã de velharias” e muito habituada a estas andanças. Confessa que, entre os clientes, há quem cultive esta estética natalícia.
“Nestes últimos anos, as pessoas estão a ir um bocado ao antigo, o que é interessante”, diz. Antigamente, lembra, nas árvores de Natal penduravam-se pais natais feitos de cartão. “Ou os cartões de boas festas que as pessoas mandavam. Não havia mensagens [de telemóvel]”. Todos esses desejos acabavam por se tornar um ornamento.
O Natal pode espalhar-se pela casa toda. E o “kitschmas” mostra que até a cozinha se pode vestir a rigor. Basta transformar os seus armários em presentes, enrolando-lhes uma grande fita.
A fita pode ser vermelha, embora esta tendência procure trazer outras cores ao Natal. As árvores querem-se artificiais, de preferência cor-de-rosa ou prateadas. É enchê-las depois de fitas, cordões e bolas metalizadas. Se parecerem bolas de discoteca, tanto melhor. Há, nas lojas de especialidade, também enfeites para a árvore de Natal que podem refletir os seus gostos mais pessoais – e ajudar a desbloquear conversas com as visitas.
Se aprecia umas boas férias, porque não pendurar na sua árvore de Natal flamingos e cocktails? Se a gastronomia é mais a sua zona de conforto, pode encher a árvore de bolachas, gelados ou balanças. Se for mais pela moda, umas sapatilhas All Star em miniatura pode cumprir a função. O pinheiro pode ser aquilo que quisermos que ele seja.
Ah, e se tem aí em casa brinquedos das crianças a que já não sabe que destino dar, pode também pendurá-los na árvore. Está tudo bem em usar o que há nos armários e nas caixas de arrumação. Para os abençoados pelo jeitinho para a bricolage, é sacar da cola quente e juntar tudo numa grinalda – segundo a Internet, com bolas também dá.
Em Portugal, dizem as empresas dedicadas à decoração de Natal ouvidas pela CNN Portugal, a tendência ainda não pegou. Mas há uma explicação clara para estar a ganhar força nas redes sociais – e nas prateleiras de lojas um pouco por todo o mundo: a nostalgia. É que o “kitschmas” faz-se, sobretudo, de saudades de um tempo que já não volta. Nostalgia, diversão e frivolidade na decoração, descrevem os artigos online sobre esta tendência.
Solte o bricabraque. Todos os objetos antigos que façam lembrar o Natal são bem-vindos para aplicar esta tendência. Podem estar até com a tinta a saltar, como um anjo de boca aberta que encontrámos na Feira da Ladra - a fotografia está logo no início do artigo. O que as redes sociais nos ensinam para esta tendência é que, se houver um espacinho, é enchê-lo. Prateleiras, estantes e lareiras cheias, a abarrotar, de objetos.
Os pais natais querem-se bem rechonchudos, ao estilo americano, como aqueles que os anúncios “vintage” da Coca-Cola cristalizaram na nossa memória. Na Feira da Ladra, numa loja dedicada a antiguidades, encontrámos um Pai Natal gigante, ótimo para colocar no jardim. É de 1968 e tem nome: “Blue Eyes” [Olhos Azuis].
Numa outra prateleira da mesma loja, a prova de que a celebração não tem fronteiras. Uma garrafa em forma de Pai Natal sorri de uma das prateleiras. Era nela que se servia, segundo o lojista, na década de 1950, um licor bem português.
O “Kitschmas” já foi apontado por vários sites como a tendência deste ano. Parece um exagero, tendo em conta aquilo que vemos e ouvimos nas mesmas redes sociais. Mas, como é sobretudo um estado de espírito, não se esqueça de uma banda sonora à altura, com clássicos das décadas de 1950 e 1960. Aqui abaixo tens uns, para iniciar as festividades. Feliz Natal!