Saiba quais são os “pontos negros” das estradas e as zonas com radares para evitar acidentes e multas neste Natal

22 dez 2022, 18:04
Estrada

O mau tempo, o trânsito em excesso e a falta de separadores nas vias podem ser uma combinação perigosa. Saiba como contornar os riscos

Milhares de portugueses preparam-se para se fazer à estrada nos próximos dias para passar o Natal em família ou com os amigos. Todos os anos ocorrem centenas de acidentes e multas durante o período das festas. Os especialistas alertam para que esteja particularmente atento aos "pontos negros" das estradas onde o número de acidentes é mais frequente e deixam alguns conselhos práticos para que passe a época festiva em segurança.

EN10

Se vai viajar de Setúbal em direção a Vila Franca de Xira e pretende evitar as portagens na Estrada Nacional 10, tenha atenção. Este percurso tem oito pontos negros, entre os quais aquele que apresenta o maior indicador de gravidade do país, pelo número de veículos envolvidos em acidentes, que fica ao quilómetro 138.1. Mas mesmo antes desse, tenha atenção ao quilómetro 130,3, ao 133,1 e ao 135. 

Outros pontos a que deve estar particularmente atento aparecem nos quilómetros 29,6, 128,4 e ao 128,8. 

Fora das localidades, as Estradas Nacionais são as campeãs em número de acidentes. De acordo com a Pordata, dos 29.217 sinistros registados em 2021, cerca de 5.484 ocorreram nestas vias. Um número consideravelmente superior aos 1.559 que ocorreram em autoestradas. 

São vários os motivos que levam a que os condutores tenham de ter atenção acrescida neste tipo de estradas, embora os especialistas destaquem dois aspectos que potenciam os acidentes. "Durante esta época, estas estradas vão ter um volume de tráfego acrescido", afirma José Miguel Trigoso, engenheiro da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP). Além disso, os acidentes nestas vias podem ser particularmente graves, uma vez que a ausência de separador central em muitas zonas pode "facilitar uma colisão frontal".

IC19

A estrada com mais "pontos negros" é mesmo o IC19, que liga Lisboa a Sintra. É um dos itinerários com maior volume de tráfego em Portugal e com nove troços que se destacam por um número anormal de acidentes. A Associação Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) classifica como "pontos negros" os locais de uma estrada onde se registaram, no ano em análise, pelo menos cinco acidentes com vítimas.

"Os pontos negros do IC19 não são necessariamente os mais perigosos. Mas esta estrada tem um volume de tráfego muito grande, o que potencia muito as colisões. No entanto, isso não se traduz necessariamente em vítimas mortais", explica José Miguel Trigoso.

O primeiro ponto negro é registado logo nos primeiros 50 metros, prolongando-se até aos 200 metros; o segundo chega pouco depois, entre os 300 e os 500 metros; depois, nos km 1,9, km 2,5 e km 3,7. Outros troços que devem inspirar mais cuidado ficam ao km 4, ao 5,8 e entre os 6,8 e os 7. O último situa-se aos 8,8 quilómetros, até ao km 9,0. 

Para Mário Alves, presidente da Liga de Associações Estrada Viva, a velocidade ainda é o principal problema no que toca ao elevado número de acidentes nestes troços. “Para evitar problemas nos pontos negros, devemos estar particularmente atentos à velocidade. Se a velocidade de circulação nestes pontos negros fosse 10% mais baixa, esses pontos negros deixariam de existir”, garante.

A2

Se vai viajar de Lisboa em direção ao Algarve, tenha atenção. A A2, que liga Lisboa a Paderne, no Algarve, é aquela que tem mais pontos negros aos quais deve estar atento. O primeiro é logo à saída da Ponte 25 de Abril, a seguir ao cruzamento que tem as saídas para Almada e Costa da Caparica. Os restantes aparecem aos quilómetros 2,5, km 4,4, km 5,6 e km 5,7.

Apesar de representar apenas 34,3% do total dos sinistros, os despistes são a principal causa de morte nas estradas. Uma parte significativa destes sinistros ocorre nas autoestradas e, quase todos, estão associados à velocidade de circulação dos veículos.  "A velocidade é ainda o fator mais importante. É fundamental ir a uma velocidade que nos permita observar e reagir atempadamente perante os obstáculos. Se a velocidade do embate for 12 km/h, o mais normal é não sobreviver", refere o engenheiro da PRP. 

Além disso, os peritos alertam para um fenómeno que já não é recente, mas que traz “um problema acrescido”. Quase todos utilizam o telemóvel durante a condução e, durante a condução, qualquer distração pode ser fatal.

“Os telemóveis trouxeram um problema acrescido. Existem estudos que demonstram que os condutores chegam a estar cinco a sete segundos a olhar para o ecrã de um telemóvel. Isso é uma barbaridade”, acrescenta José Miguel Trigoso.

A5

A A5 liga Lisboa a Cascais e milhares de pessoas utilizam-na diariamente. Esta autoestrada tem seis pontos negros que a ANSR destaca como particularmente preocupantes. O primeiro aparece logo aos 60 e aos 100 metros, após a saída do viaduto Duarte Pacheco. De seguida surgem os troços aos 700 e os 800m, bem como aos quilómetros 1,8 e 4,2.

A situação agrava-se com o mau tempo. A chuva intensa não só causa problemas no que respeita à aderência do veículo à estrada, como cria limitações na visibilidade. Tudo isto acaba por criar problemas no tempo de reação e os especialistas alertam: "Associado ao maior número de pessoas na estrada, é normal que o número de choques em cadeia aumente." 

“Com deslocações mais longas e com o mau tempo, as pessoas devem tentar garantir que a visibilidade e a aderência do seu carro está em boas condições. A velocidade deve ser mais comedida com a chuva. A distância de travagem aumenta muito com o mau tempo e, com a visibilidade reduzida, o condutor acaba por ver os obstáculos mais tarde”, alerta.

A20

Por último, surge a Circular Regional Interior do Porto (CRIP) ou A20, com quatro pontos negros a ter em conta. Aqui deve estar particularmente atento ao quilómetro 12,3, ao 14,3, ao 14,8 e ao 15,8.

Para José Miguel Trigoso, é importante não desvalorizar a consciencialização da condução sob o efeito do álcool. Apesar de os acidentes causados pelo consumo de bebidas alcoólicas ter diminuído significativamente nos últimos anos, a condução associada ao consumo do álcool “ainda é um grande problema” e continua a ser responsável por muitos sinistros.

“Uma pequena quantidade de álcool é o suficiente para aumentar os tempos de reação e de tomada de decisão”, refere o perito.

Tenha também em conta as características do seu veículo. Viaturas mais recentes "obedecem a todos os critérios mais modernos", pelo que proporcionam maior segurança em caso de embate. 

Radares

Os especialistas relembram ainda que nesta época todos os troços devem ser encarados como "igualmente perigosos, tanto dentro como fora das localidades", até porque em Portugal "temos uma história de sinistralidade anormal dentro do interior das cidades, em comparação com o resto da Europa", recorda o especialista.

Moderar a velocidade pode não só ajudá-lo a evitar um acidente, como a poupar dinheiro com possíveis multas de excesso de velocidade. Para isso, deve também saber onde vão estar os radares da Polícia de Segurança Pública durante o período de festas. São mais de 25 localidades, dias e horários diferentes.

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