O Natal está a chegar, e agora? Um guia para não esbanjar o subsídio sem dar conta(s)

CNN Portugal , FMC
5 nov 2022, 17:00
Compras de Natal na baixa de Lisboa

Não deixar tudo para a última, definir limites e incluir todas as despesas da época são regras de ouro para que tudo corra com a maior tranquilidade possível

O Natal já está à porta e a quadra, por mais mágica que possa ser, é também sinal de enorme azáfama, traduzindo-se, muitas vezes, por uma correria às lojas e por gastos elevados. Poupar nesta época não é fácil, mas também não é impossível: basta ter ponderação e programar tudo com tempo.

Em alguns centros comerciais já se respira o espírito natalício enquanto se caminha ao som das clássicas músicas e se tropeça em árvores e enfeites. E até a icónica Mariah Carey fez questão de o anunciar: "Está na hora”, escreveu no Instagram, juntamente com um vídeo em que faz a passagem do Halloween para o Natal. 

 

Para evitar que as próximas semanas não se transformem numa verdadeira dor de cabeça, em que se contam todos os cêntimos, Andreia Teixeira, economista e consultora financeira, é perentória: “Deve-se comprar tudo com calma. É proibidíssimo comprar tudo ao mesmo tempo.”

A especialista explica à CNN Portugal que se deve “encarar o período de Natal como se encara o período de férias”, ou seja, um planeamento atempado em que se gere o subsídio e em que se controlam as despesas.

Também o portal Doutor Finanças, especialista em finanças pessoais, reforça que as dicas importantes são “estabelecer um orçamento para os gastos e planear as compras com antecedência”.

“Isso permitirá comparar preços, escolhendo as opções mais vantajosas, e evitará compras por impulso ou despesas de última hora”, aponta.

Definir limites e fazer escolhas

Nesta quadra há duas componentes obrigatórias que se devem ter em consideração, como explica Andreia Teixeira: as refeições de Natal e os presentes.

Como tal, fazer listas e definir um plafond é crucial, advertem os especialistas. No que diz respeito à ceia, Andreia Teixeira lembra que são gastos muitas vezes esquecidos, mas que não o podem ser. Os pratos que vão ser consumidos e confecionados, bem como uma divisão clara do que cada um vai levar para a mesa é importante.

Tal permite que, por um lado, os encargos sejam repartidos por todos, e, por outro, tem em conta a necessidade de um menor desperdício alimentar. Incluir tudo isto no plafond ajuda a que a ceia de Natal não seja um dispêndio inesperado.

Quanto aos presentes, a consultora financeira aconselha que cada pessoa faça uma lista dos familiares e amigos que pretende presentear e definir um limite de preço para cada um. Este planeamento antecipado vai permitir saber qual o somatório total e impedir as compras por impulso onde se acaba por gastar mais dinheiro, muitas vezes sem qualquer perceção.

“Os embrulhos também não devem ser esquecidos”, alerta ainda. Decidir o embalamento - quais e quantos rolos de embrulho, se vão ou não ser precisos sacos, fitas, laços ou autocolantes natalícios – é uma mais-valia, sublinha.

A especialista alerta também que existem mais dois encargos nesta altura que devem ser incluídos no orçamento geral da quadra, mas que costumam ser negligenciados: o stock de presentes extra e os jantares e festas de Natal.

Visitas inesperadas e jantares festivos

Além dos núcleos mais próximos que entram diretamente para as listas, existem sempre pessoas que aparecem de surpresa, como aquele primo que de repente também vai à ceia ou aquele amigo que decidiu dar um presente – levando às compras de última hora. Como tal, a economista recomenda que 10% do orçamento seja para este tipo de exceções, sendo que não têm de ser itens de elevado custo. Podem ser "mimos", como por exemplo velas, marcadores de livros.

Relativamente às refeições, se a ceia deve ser tida em conta, então os muitos jantares de Natal e festas, seja de amigos ou colegas de trabalho, também devem ser. Nesta altura, priorizar onde se gasta o dinheiro é crucial e incluir tudo no orçamento é uma maneira de o fazer, de forma a que não se gaste o que não se tem ou que não se chegue a meio do mês a contar cêntimos.

Quanto melhor for a organização, mais fácil será fazer escolhas – se há um jantar a que não se quer faltar, mas o plafond foi já todo atribuído, é sempre possível mexer noutros gastos anteriormente definidos, como, por exemplo, no limite estipulado para presentes.

Todas as despesas, por mínimas que sejam, devem ser contempladas no plafond final, porque até essas podem fragilizar o orçamento familiar.

“É importante que nos mantenhamos sempre fiéis ao plano, porque é precisamente essa disciplina que nos permitirá gerir da melhor forma as finanças pessoais”, adverte o Doutor Finanças, referindo-se não só a esta época, mas a todo o plano que se deve ter de gestão pessoal financeira.

Preparação e criatividade

De forma a poupar, a antecedência em toda a preparação é, sem dúvida, uma grande ajuda. O Doutor Finanças explica que o planeamento permite “comparar preços, escolher as opções mais vantajosas”, bem como “aproveitar promoções, saldos ou eventos específicos como os dias sem IVA em determinadas superfícies, ou como a Black Friday no final deste mês”. Desta forma, pode conseguir encontrar um determinado presente ao menor preço possível.

Se optar por compras de última hora, dificilmente será possível poupar, “gasta-se uma fortuna” e "muito mais do que se espera”, reforça Andreia Teixeira.

Além disso, ter consciência do que é mais em conta é essencial. A economista lembra que, por exemplo, optar por um papel de embrulho diferenciado, como o papel castanho, sai mais barato, além de permitir que seja utilizado em presentes para todas as faixas etárias.

Outra forma de poupar é optar por presentes mais artesanais. Porque não oferecer uma compota caseira ou um postal com um poema ou até vouchers ao invés de comprar tudo? Andreia Teixeira defende que estas opções ajudam não só a poupar como vão ao encontro da mística da época, ao levar a família a passar tempo de qualidade junta enquanto prepara algo para oferecer. E estes simbólico gestos podem compensar o plafond que tem de ser salvaguardado.

A especialista concretiza ainda que, especialmente para os adolescentes, a ideia dos vouchers pode ser bastante vantajosa. Podem oferecer “serviços como ‘babbysitting’, ou idas ao supermercado ou explicações”, exemplifica.

Faça uma lista de desejos

Outra dica que pode ser muito útil, não só para poupar como também para incutir, especialmente nos mais novos, a perceção de que as hipóteses não são infinitas e que é importante saber priorizar e valorizar é fazer-se uma lista de desejos.

“Cada pessoa deve fazer uma lista com quatro coisas: uma coisa que querem, uma de que precisam, uma que se vista ou calce e outra relacionada com entretenimento – como por exemplo um livro ou um jogo de tabuleiro”, elenca. Desta forma, ao circularem entre familiares, os esforços são divididos por todos, o dinheiro não é empregue em bens desnecessários, assim como evitam-se as clássicas trocas pós-Natal, explica a consultora financeira.

Opte por cozinhar

No que diz respeito à ceia, além de ser uma grande ajuda a divisão a priori de tarefas, “outra regra importante é não comprar feito o que pode fazer em casa, incluindo bolos e sobremesas, que podem ser confecionados em famílias, assim como as decorações natalícias". "Basta um pouco de criatividade”, salienta o Doutor Finanças.

O Doutor Finanças deixa ainda uma estratégia: “Na hora de comprar, as pessoas podem experimentar pagar tudo em dinheiro, o que ajuda a controlar muito melhor as despesas. Ao utilizar o cartão é mais fácil perder a noção do dinheiro que já se gastou.”

Para que seja possível desfrutar daquela que é considerada uma época de paz e esperança, sem que se torne num inferno, é preciso um planeamento calmo e consciente dentro das limitações de cada um e, acima de tudo, fazer as melhores escolhas para todos.

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