Dois astronautas da NASA partiram em junho para Estação Espacial Internacional numa missão que devia supostamente durar oito dias. Os planos sofreram uma reviravolta
Barry Wilmore, 61 anos, e Sunita Williams, 58, descolaram no passado dia 5 de junho numa nave Starliner, da Boeing, até à Estação Espacial Internacional. Foi o primeiro voo com tripulação numa nave da Boeing, com o objetivo de testar como esta nova cápsula se comporta antes de ser utilizada com mais regularidade.
Os problemas começaram ainda antes de descolarem, tendo sido detetada uma fuga no sistema de propulsão. Depois de verificarem o sucedido, tanto a NASA como a Boeing concluíram que se tratava de um caso isolado, sem motivos de preocupação, e decidiram prosseguir com o voo de teste. No dia seguinte, porém, já durante o voo, ocorreram mais cinco fugas no mesmo sistema, tendo falhado alguns dos seus propulsores.
Receando novas fugas no sistema de propulsão, a NASA está a procurar uma forma de fazer regressar os dois astronautas em segurança, estando em cima da mesa a possibilidade de regressarem numa outra nave, da SpaceX, que está estacionada na Estação Espacial Internacional e que tem prevista uma missão em setembro, mas que só volta à Terra um ano depois, em 2025. Nesse caso, os dois astronautas partiriam assim numa outra missão e passariam mais de um ano no espaço, quando o plano inicial era passarem ali pouco mais de uma semana.
Se os dois partirem na missão da Crew Dragon, da SpaceX, a Starliner regressaria à Terra sem tripulação, controlada à distância, por computador. Recorrer a uma nave da SpaceX para fazer regressar dois astronautas do espaço "seria um golpe para a Boeing", descreve a agência e notícias Associated Press, uma vez que a segunda há anos que tenta competir com a empresa de Elon Musk.
A Boeing, por sua vez, insiste que a sua nave ainda é capaz de trazer de volta os astronautas com segurança, mas admite respeitar a decisão da NASA. "Ainda acreditamos na capacidade da Starliner", indicou a empresa, em comunicado citada pela Associated Press (AP).
Um antigo diretor da NASA, Scott Hubbard, admitiu à AP que os dois astronautas estão "meio presos", mas descarta a ideia de que estejam abandonados, uma vez que estão seguros a bordo da estação espacial com "muitos mantimentos" e trabalho para fazer. Ainda no início desta semana, segundo a BBC News, a NASA enviou para a Estação Espacial Internacional mais alimentos e outros bens essenciais, através de um foguete da SpaceX.
Tanto Wilmore como Williams têm uma vasta experiência na NASA, tendo completado várias e longas missões na Estação Espacial Internacional. Numa entrevista conjunta realizada em julho, de onde falaram a partir da estação espacial, os dois disseram aos jornalistas que estavam a manter-se ocupados com trabalho e manifestaram-se confiantes no trabalho que está a ser feito pelos engenheiros da Boeing.
"Estamos muito ocupados aqui, estamos integrados na tripulação [da estação espacial]. É como voltar para casa. É bom flutuar por aí, é bom estar no espaço e trabalhar aqui com a equipa da Estação Espacial Internacional", afirmou na altura Sunita Williams, citada pela BBC News.