Nações Unidas denunciam mutilação genital de 29 meninas na Somália

Agência Lusa , MM
17 dez 2022, 12:09
Mutilação genital feminina (AP)

Uma prática ainda prevalecente em cerca de três dezenas de países que põe em risco três milhões de meninas todos os anos

As Nações Unidas denunciaram este sábado que, num só dia, quase três dezenas de meninas foram submetidas à prática da mutilação genital no estado de Jubalândia, no Sul da Somália.

As mutilações aconteceram na localidade de Kismayu, refere a organização, sem adiantar mais detalhes.

A condenação – recorda a Europa Press – surge depois de a Fundação Ifrah, que luta por erradicar a mutilação genital feminina na Somália, onde atua desde 2013, e no Corno de África, ter denunciado, na quarta-feira, que pelo menos 29 meninas tinham sido mutiladas no campo de deslocados internos situado a 25 quilómetros de Kismayu.

"Todas as vítimas eram demasiado jovens para o consentimento informado" sobre uma prática que "lhes provocou uma grave hemorragia", lamentou o representante do Fundo das Nações Unidas para a População na Somália, Niyi Ojuolape.

Condenando "vivamente o sucedido”, a agência alerta para que a seca e a crise humanitária na Somália fazem aumentar “o risco das meninas somalis em consequência desta prática”, que é prevalecente em praticamente todo o país.

Niyi Ojuolape apelou ao governo somali “para que tome todas as medidas necessárias para garantir que os responsáveis por este incidente assumam a responsabilidade em dissuadir outros e proteger os direitos das mulheres e das meninas".

A mutilação genital feminina - que consiste na retirada total ou parcial de partes genitais, com consequências físicas, psicológicas e sexuais graves, podendo até causar a morte – ainda é uma prática comum em três dezenas de países, sobretudo africanos, estimando-se que ponha em risco três milhões de meninas e jovens todos os anos e que cerca de 200 milhões de mulheres e meninas tenham já sido submetidas à prática.

A Somália é um dos cerca de 30 países que, no mundo inteiro, ainda mantêm a prática da MGF, com uma elevada taxa de prevalência e a ausência de uma lei que proíba uma prática ancestralmente enraizada nas comunidades.

Portugal tem um sistema de sinalização de mulheres afetadas pela MGF residentes em território nacional desde 2014, estimando-se que vivam em território nacional 6.500 mulheres excisadas, na maioria originárias da Guiné-Bissau.

Mundo

Mais Mundo

Patrocinados