O regime defende que a execução dos opositores garante "a manutenção do Estado de direito, da paz e da estabilidade" no país
A junta militar que governa o Myanmar (antiga Birmânia) rejeitou esta quarta-feira "nos termos mais fortes" a condenação internacional pela execução de quatro opositores ao regime.
Num comunicado publicado pelo jornal oficial The Global New Light of Myanmar, o Ministério dos Negócios Estrangeiros pediu “respeito pela soberania” do país, pedindo a não interferência nos “assuntos internos”.
A junta sustentou que os quatro executados são culpados de cometer e organizar "atos terroristas" que causaram a morte de civis e que foram julgados de acordo com a lei.
A execução dos opositores garante "a manutenção do Estado de direito, da paz e da estabilidade" no país, reforçou o regime.
Na primeira aplicação da pena de morte em mais de três décadas, o Myanmar executou o antigo deputado Phyo Zeyar Thaw, da Liga Nacional para a Democracia, e o ativista Ko Jimmy, condenado em janeiro por acusações de terrorismo na sequência de atividades contra a junta.
Os outros dois são Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw, acusados de matar uma mulher por, alegadamente, ser uma informadora dos militares.
Um porta-voz da junta militar defendeu na terça-feira que os quatro prisioneiros executados mereciam "várias sentenças de morte".
"Se compararmos as suas sentenças com outros casos de pena de morte, [os executados] cometeram crimes pelos quais deveriam ter sido condenados várias vezes à morte", disse Zaw Min Tun, numa conferência de imprensa.
"Vitimaram pessoas inocentes de maneira cruel. Houve muitas perdas que não podem ser substituídas", afirmou o porta-voz, acrescentando que "a sentença de morte foi pronunciada pelo tribunal depois de lhes ter sido dado o direito de defesa em todas as fases do processo judicial".
De acordo com Zaw Min Tun, os ataques orquestrados por Phyo Zeyar Thaw contribuíram para a morte de 21 pessoas - nove polícias e doze civis.
Após o anúncio das execuções pelos meios de comunicação estatais na segunda-feira, a ONU condenou estas ações “cruéis e regressivas”, assim como os Estados Unidos, a França, a Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), entre outros países e organizações.