Mundial de Clubes: Flamengo-Chelsea, 3-1 (crónica)

David Marques , Enviado-especial aos Estados Unidos
20 jun, 21:24

O futebol ainda é de quem mais quer

* Em Filadélfia

Olhando-se meramente para o resultado, o desfecho do Flamengo-Chelsea pode ser considerado uma mera surpresa.

Olhando-se para tudo o resto, a vitória da equipa brasileira por números esclarecedores foi tudo menos uma surpresa. Um triunfo justíssimo de quem foi melhor. Mais intenso, mais concentrado, mais solidário, mais fresco e, acima de tudo, mais sedento pela glória.

O duelo no Lincoln Financial Field mostrou duas equipas em sistemas semelhantes, mas com estilos distintos. De um lado, o futebol mais vibrante dos flamenguistas; do outro, um jogo mais pausado, mas também capaz de ferir o adversário em transição, até porque o conjunto carioca foi maioritariamente dono da bola na primeira parte.

Quando Pedro Neto inaugurou, depois de correr quase meio campo insolado, o marcador aos 13 minutos, aproveitando um erro tremendo de Wesley França num lance aparentemente inofensivo que começara num alívio da defesa do Chelsea após uma bola parada, o jogo contava já uma grande oportunidade para os ingleses e várias aproximações perigosas do Flamengo que, por falta de timing, não tiveram sucesso.

O resultado ao intervalo não espelhava o que se passara em campo. Talvez fosse excessivo afirmar que o Flamengo merecia estar em vantagem, mas um empate traduziria melhor o que tinham sido os primeiros 45 minutos.

A segunda parte começou praticamente com um falhanço incrível do ex-Sporting Gonzalo Plata ao segundo poste numa sobra a uma primeira tentativa de Gerson.

Aviso dado! O Flamengo regressara dos balneários mais focado defensivamente e a saber como explorar as debilidades dos Blues, mas foi a entrada de Bruno Henrique, pouco antes, que serviu de catalisador para a reviravolta brasileira.

Servido com precisão por Plata, o veterano avançado apareceu ao segundo poste para empatar o jogo aos 62 minutos. Pouco depois, num lance quase tirado a papel químico, mas com um protagonista diferente, foi Bruno Henrique para assistir o ex-portista Danilo, que apareceu exatamente no espaço onde o companheiro fizera minutos antes o empate.

Por cima no resultado, o Flamengo ficou ainda mais por cima do jogo logo ao seguir, quando Nicolas Jackson foi castigado com o vermelho direto após uma entrada duríssima sobre Ayrton Lucas. Estava em campo há meros 4 minutos.

Um cabeceamento de Enzo à malha superior foi o último esboço da reação de um fragilizado Chelsea, que a seguir sofreu o golpe capital: menos de dois minutos após ser lançado no jogo, Wallace fez o 3-1 final, em mais uma jogada de passividade da linha defensiva dos londrinos.

Triunfo cristalino de um soberbo Flamengo, que salta para a liderança do Grupo D, que cruza com o do Benfica.

O futebol, não importa os milhões que se invistam, ainda é dos que mais querem. E, hoje, ganhou quem mais fez por isso.

Ganhou, também por isso, o futebol.

A FIGURA: Bruno Henrique

Lançado pouco antes da hora de jogo, o veterano avançado de 34 anos precisou de apenas 5 minutos para ajudar a virar o jogo. Fez o empate e assistiu para o 2-1, dando ao Flamengo aquilo que estava a faltar à equipa brasileira: mais presença na área e faro para ocupar os espaço certos.

O MOMENTO: expulsão de Nicolas Jackson. MINUTO 68

O Chelsea já estava atrás no marcador e a situação piorou ainda mais quando o avançado dos Blues, acabado de ser lançado no jogo, foi expulso após uma entrada de sola na canela de Ayrton Lucas. Esse momento deixou a equipa inglesa ainda mais fragilizada para conseguir reagir à adversidade.

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