Não é totalmente percetível o que está a acontecer ao FC Porto. Sempre que parece estar a encarrilar coloca um cilício para infligir a si próprio mais problemas
O FC Porto é melhor equipa que o Inter Miami e isso parece mais ou menos evidente, mesmo apesar da derrota desta quinta-feira. As melhores jogadas coletivas, mesmo que não tenham sido muitas, foram todas pintadas de azul e branco.
O problema é que este FC Porto treme de tal forma que qualquer equipa parece poder ter a ambição de lhe ganhar, mesmo que essa equipa tenha uma única e exclusiva forma de jogar. Sim, o Inter Miami passa a bola a Lionel Messi e depois espera qualquer coisa. Vive quase exclusivamente disso, o que não é dizer pouco, já que viver do talento daquele que ainda é, mesmo que a espaços, um dos melhores jogadores do mundo, é um luxo brutal.
Feita esta nota, parece claro que o FC Porto perdeu esta quinta-feira duas enormes oportunidades. Uma mais imediata, e que passava por garantir a tranquilidade neste Mundial de Clubes; outra mais a longo prazo, e que passava por garantir a tranquilidade e estabilidade que precisa para trabalhar o seu processo e acreditar no mesmo.
Quando acreditou, o FC Porto foi claramente melhor que o Inter Miami, colocando até alguma nota artística em campo quando Rodrigo Mora, Fábio Vieira, Gabri Veiga ou Samu apareceram - ao minuto 40 só um corte em cima da linha tirou o 2-0 a Rodrigo Mora, naquela que foi talvez a melhor jogada do encontro.
É verdade que nem tinha feito nada para chegar ao golo que marcou aos oito minutos, e que até apareceu de forma fortuita numa grande penalidade um tanto ou quanto disparatada, mas também é verdade que conseguiu cimentar excelentes momentos ofensivos, ainda que por vezes quase que enerve a falta de velocidade imprimida ao jogo.
Mesmo que Cláudio Ramos tenha voltado a aparecer de forma decisiva por duas vezes, a primeira parte foi claramente do FC Porto, que até podia ter ido a vencer por mais do que o 1-0 marcado por Samu de penálti. Já depois do lance de Rodrigo Mora viu Alan Varela finalizar com estrondo ao poste, por exemplo.
E foi aí que todos nos enganámos. O FC Porto ia para o intervalo a vencer e com a sensação de que podia ser uma questão de minutos até marcar outro. Ia para o intervalo a crescer para uma das melhores e mais seguras exibições com Martín Anselmi. Nada mais errado.
O problema é que os dragões demoraram uns bons 45 minutos até entrar para o relvado. Alheio a isso, o Inter Miami voltou às horas que era suposto: cumpriu os 15 minutos oficiais e marcou presença na primeira meia hora da segunda parte.
O FC Porto também lá esteve de corpo presente, mas apenas e só isso.
Não é demais dizer, portanto, que não foi o Inter Miami que veio especialmente mais ligado, mas antes o FC Porto que veio demasiado desligado, o que surtiu no golo do empate para os norte-americanos logo no reatar da partida.
Queixo para baixo e desânimo imediato: tinha acabado o FC Porto da primeira parte, do qual não apareceu sequer um vislumbre na segunda parte. Parece que a equipa aplica em si própria um cilício para castigar, sendo que já não o consegue tirar depois disso.
Pouco depois, e num lance completamente isolado, apareceu o efeito Lionel Messi, que chamou a um livre à entrada da área um autêntico penálti. Aqui entre nós, e apesar do excelente Mundial de Clubes que está a fazer Cláudio Ramos, fica a sensação de que Diogo Costa talvez defendesse aquela bola.
Derrota para o FC Porto e dupla negativa: está à beira de ficar fora do Mundial de Clubes e parece ter, pela enésima vez, de começar do zero com Martín Anselmi.
Olhando para a última jornada, as contas não são mesmo nada fáceis. Tem de vencer o Al Ahly e isso é absolutamente obrigatório, mas pode não chegar. Desde logo porque um empate entre Inter Miami e Palmeiras apura essas duas equipas de forma automática, pelo que até pode haver pouca vontade de ambos de ganhar.
De resto, e de acordo com os critérios de desempate deste torneio, há mesmo uma única possibilidade para o FC Porto ainda passar. Tem de ganhar, isso já sabemos, mas tem também de esperar que o Inter Miami vença o Palmeiras de Abel Ferreira. Além disso, tem de recuperar a diferença de golos para os brasileiros, o que significa que tem de recuperar três golos, pelo que vencer o Al Ahly pela margem mínima não chega se o Inter Miami também vencer por apenas um golo.
