Mundial 2026: Portugal-Irlanda, 1-0 (crónica)

David Silva , Estádio José Alvalade, Lisboa
11 out, 21:55

Para quem acredita em coincidências... marcou o camisola 21

Todos os jogadores da Seleção dizem o mesmo - Diogo Jota está com eles. O selecionador não tem escondido que acredita em números e «sinais», fê-lo ainda em setembro quando Portugal marcou ao minuto 21. Mais uma vez, num momento de dificuldade da Seleção Nacional, foi o camisola 21 que desbloqueou o jogo.

No primeiro jogo da Seleção Nacional em casa sem o falecido extremo do Liverpool, foi Rúben Neves, melhor amigo de Diogo Jota e herdeiro da sua camisola, que marcou o golo da vitória já nos descontos. O primeiro golo oficial de Rúben Neves com a camisola de Portugal, celebrado em êxtase, corrigindo um penálti falhado de Cristiano Ronaldo e 90 minutos de sofrimento contra uma Irlanda remetida à defesa.

RECORDE AQUI O FILME DO JOGO.

Rúben Neves e Dalot saltaram para o onze inicial

Sem os lesionados João Neves e João Cancelo, Martínez apostou em Rúben Neves e Diogo Dalot de início. Portugal entrou mandão no jogo, como esperado. Instalado no meio-campo irlandês, com Rúben Neves e Vitinha a orquestrar a construção, os oponentes remetiam-se ao último terço defensivo e tentavam bloquear os caminhos para a baliza.

Após uma série de desequilíbrios promovidos por Pedro Neto à direita, o primeiro momento de perigo promovido pelos lusos aconteceu aos 17 minutos, com Ronaldo a receber à entrada da área e a tentar o remate de pé esquerdo. A bola bateu caprichosamente no poste e sobrou para Bernardo, que tinha a baliza aberta. Contudo... foi para o pé direito, o mais fraco do extremo, e este atirou ao lado.

Ao minuto 21, as bancadas levantaram-se para homenagear Jota. E que falta fazia neste jogo, para desbloquear a defensiva irlandesa.

Com muito pouco espaço no corredor central, era através das alas que Portugal tentava desequilibrar. Com isso, ia ganhando cantos, mas sem conseguir desfeitear uma defensiva alta e coesa. A melhor chance nesse momento do jogo chegou apenas aos 41 minutos, com um cabeceamento de Inácio a obrigar Kelleher a uma defesa de recurso.

A primeira metade fazia lembrar um conhecido adágio – 'a força imparável contra o objeto inamovível'. O domínio luso era evidente, mas o compromisso defensivo irlandês ia adiando o golo. Os visitantes só tentavam ameaçar com bolas longas nos possantes Ferguson, Ogbene e Ebosele.

Sofrimento, penálti falhado de CR7 e um golo abençoado

Ao intervalo, Roberto Martínez  fez entrar Renato Veiga, defesa-central mais possante do que Gonçalo Inácio, retirando o jogador do Sporting. Surtiu efeito, porque Veiga cortava logo qualquer hipótese de transição.

Mas continuava a faltar imaginação a Portugal. As tentativas de perigo vinham sempre de remates de fora da área, ora por Bruno Fernandes, ora por Rúben Neves, ora por Vitinha. Kelleher esticava-se, ia defendendo, mas nunca em grande esforço.

Insatisfeito, Martínez lançou uma tripla de jogadores que prometiam um reforço ofensivo. Aos 60 minutos, Trincão, Rafael Leão e Semedo entraram, mantendo ainda Gonçalo Ramos e Chico Conceição no banco. Seguiram-se muitas tentativas, mais domínio, e foi Trincão que ganhou penálti com um remate no braço de um defesa.

Alvalade galvanizou-se! Todos gritavam 'Cristiano Ronaldo', todos puxaram dos telemóveis, mas faltou... o golo. Ronaldo bateu para o meio e Kelleher, já orientado para a direita, ainda defendeu. Um lance a fazer lembrar outro penálti falhado em março, diante da Dinamarca em Alvalade, quando o resultado estava empatado a zeros. 

Porém, o melhor estava guardado para o fim. Já com o 'coração na boca', um dos vários cruzamentos que a Seleção despejou para a área teve um destinatário feliz. Rúben Neves, ainda em campo dada a confiança do selecionador, desviou de cabeça o passe de Trincão para o fundo das redes. Correu para celebrar e dedicou o golo aos céus. Que momento. 

Os três pontos ficam em casa e são valiosos. Permitem a Portugal ficar com nove pontos, mais cinco do que a Hungria, o próximo adversário. Assim, se os lusos vencerem na terça-feira, obtêm o bilhete para o Mundial 2026. Apesar do sofrimento, houve festa no fim... e pedidos de desculpa do capitão Cristiano Ronaldo, aceites pelo público.

 

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