Santos Silva no Qatar: «Todos temos de avançar nos direitos humanos»

28 nov 2022, 10:32

Presidente da Assembleia da República rejeita ainda a ideia de um clima de tensão entre os governos de Portugal e do Qatar, garantindo que os cidadão nacionais residentes neste país podem ficar tranquilos

O presidente da Assembleia da República garantiu que não há qualquer problema de relacionamento entre Portugal e o Qatar e que cidadão nacionais residentes no país que organiza o Mundial 2022 podem ficar tranquilos.

«As minhas responsabilidades, hoje, já não são de condução da política externa, mas posso tranquilizar todas as pessoas. Não há nenhum problema no relacionamento entre Portugal e o Qatar, que têm um relacionamento diplomático intenso. O Qatar é um dos estados do Golfo em que temos um embaixador residente e é uma região estratégica para nós», disse Augusto Santos Silva em declarações aos jornalistas em Doha, à margem de um encontro com Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa abordaram recentemente temas sensíveis como o da violação dos direitos humanos no Qatar, situação que poderia originar alguma celeuma ao nível das altas hierarquias de Estado dos dois países e resultar em hostilidade dirigida aos portugueses residentes do Qatar.

«Os portugueses aqui residentes podem estar tranquilos, porque, se há coisa que caracteriza a política externa portuguesa é a ação externa de todos os órgãos de soberania, é colocar sempre como prioridade o bem-estar, o interesse, a segurança e a tranquilidade de todos os portugueses que vivem em quase todos os lados do mundo», referiu o presidente da Assembleia da República, que disse mesmo que o apoio das autoridades qataris tem sido «inexcedível» e provado após a morte do ex-embaixador luso no país, Ricardo Pracana (em 2020), mas não só.

«Quando tivemos de retirar dezenas e dezenas de pessoas do Afeganistão, designadamente afegãos que tinham colaborado com as Forças Armadas portuguesas, numa operação muito difícil, conseguimo-lo fazer, porque contámos com o apoio do Paquistão, na rota terrestre, e do Qatar, na rota aérea. Estas coisas não se esquecem. Tal como não se esquece a posição que o Qatar tem tido na Assembleia Geral das Nações Unidas na condenação da guerra na Ucrânia, e também não se esquece a importância geopolítica e geoeconómica que esta região tem no mundo», salientou.

 

Para Santos Silva, são é só o Qatar que tem de progredir no tema dos direitos humanos: todos os países, considerou, têm de fazê-lo. «Todos nós temos de avançar muito em matéria de direitos humanos, no relacionamento e compreensão mútuos. Temos de avançar, consolidando os domínios em que somos fortes e melhorando os domínios em que não somos fortes, e isso aplica-se a todos os países, incluindo Portugal», apontou.

A segunda figura do Estado português justificou ainda a presença no Qatar. «Por ser a segunda figura do Estado e caracterizando-se a ação externa do Estado português pela unidade de todos os órgãos políticos de soberania, faço parte desta boa tradição inaugurada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa, que é a de associar as principais figuras do Estado português às iniciativas que, no estrangeiro, mais prestigiam Portugal e o futebol é uma delas.»

«Há 20 anos consecutivos que a Seleção Nacional de futebol se qualifica para o Mundial, há muitos anos que faz parte das dez melhores seleções do mundo. É uma das áreas em que temos mais projeção internacional, mais influência global», realçou.

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