Proponho uma nova regra válida para todos os Mundiais: se vai a penáltis, deem logo a vitória à Croácia. Pouparia muito sofrimento
À segunda é dia de dança, à sexta é para chorar. Bem, na verdade costuma ser mais ao contrário, mas os brasileiros trocaram-nos as voltas.
Depois da vitória categórica contra a Coreia do Sul – com direito a dança e muita brincadeira -, o Brasil foi eliminado do Mundial pela Croácia. E pode até ser injusto ver este resultado deste prisma (afinal de contas, a vice-campeã do Mundo venceu hoje), mas quem é que, há umas horas, pensaria que isto ia acontecer?
Não Neymar, certamente, que esperou pacientemente pela sua vez de bater o penálti – o quinto, aquele reservado para as grandes estrelas. Só que ele nem sequer chegou. Rodrygo falhou a primeira grande penalidade do escrete, Marquinhos a quarta. E os croatas sempre certinhos: 1, 2, 3, 4. Todos em cheio, sem vacilar.
A Croácia mantém o pleno nos penáltis em Mundiais (aconteceu duas vezes em 2018, na Rússia, e até agora mais duas agora no Catar) e o Brasil continua a penar contra seleções europeias nos últimos Campeonatos do Mundo: desde o penta, em 2002, foi eliminado por França, Holanda, Alemanha, Bélgica e agora Croácia. E ainda não será desta que teremos a meia-final tão desejada contra a Argentina.
O hexa vai ter de esperar pelo menos mais quatro anos e, enquanto isso, os croatas lá continuam a ser mais equipa. Não desistem, não têm medo. Mas têm ainda um Luka Modric impecável aos 37 anos (a idade não faz mal a toda a gente), têm Livakovic na baliza (quando alguém escolhe ser guarda-redes, só pode ser nestes dias que está a pensar), têm Gvardiol, Juranovic e o golo de Petkovic, que nos recorda que há sempre esperança.
As lágrimas dos brasileiros no meio do relvado não têm graça nenhuma. É normal que o talento inesgotável daquele país fique em choque com esta eliminação. Mas o futebol tem destas coisas: convém nunca desvalorizar o adversário. Sobretudo se for a Croácia e houver alguma hipótese do jogo ser decidido nas grandes penalidades.
De qualquer forma, numa sexta-feira à tarde em que este Brasil de brincadeira foi eliminado nos penáltis, temos de começar a admitir isto: dentro das quatro linhas, o Mundial do Catar está a ser uma bela dança.