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Mais valia ter ido de barco

10 dez 2022, 18:16
Youssef En-Nesyri fez o 1-0 no Marrocos-Portugal

Marrocos tinha a estratégia muito bem montada e Portugal não a conseguiu superar. Acabou o Mundial para a seleção e daqui a quatro anos não há Ronaldo nem Pepe

Marrocos esteve sempre bem juntinho, quase todos atrás da linha do meio-campo, pareciam estar à espera, mas o que ninguém esperava é que, durante 90 minutos, Portugal não fosse capaz de desmontar isto. 

Os centrais passavam a bola um ao outro, os laterais não sabiam se podiam arriscar subir e levar com um contra-ataque, um médio vinha buscar a bola e criava-se um imenso espaço para o colega que ia recebê-la. Com passes mais longos, maior a hipótese de errar. O jogo pareceu ficar lento, a ansiedade de chegar à baliza contrária também não foi ajudando. Se era para ser assim, às tantas mais valia realmente ter ido de barco.

O continente africano vai ter finalmente um representante nas meias-finais de um Mundial e Marrocos fez muito por isso. Tem jogadores - Hakimi, Ziyech, Boufal… e o que dizer de Ounahi? -, tem estratégia e tem, até agora, uma impressionante capacidade de deixar os adversários com medo.

A irreverência lusa frente à Suíça deu lugar a um jogo muito previsível e, nesta montanha-russa de emoções que tem sido este Mundial, até o salto de Youssef En-Nesyri, no fim da primeira parte, fez lembrar um pouco o salto de Charisteas em 2004. Dessa vez, há 18 anos, Diogo Costa ainda seria novo demais para saber o que é uma má saída da baliza, mas Cristiano Ronaldo já tinha idade suficiente para sair do campo a chorar. A história, infelizmente, repetiu-se.

Croácia, Argentina e Marrocos já estão nas meias-finais, segue-se Inglaterra ou França. E, depois de um arranque inseguro mas vitorioso na fase de grupos e daquela exibição irrepreensível contra os suíços nos oitavos de final, a seleção nacional despede-se do Catar com a sensação de que devia ter ido mais longe. 

Fernando Santos ainda não revelou se vai continuar ou não, Cristiano Ronaldo e Pepe não terão outro Mundial. O talento é certo que abunda nesta equipa, mas há seis anos que andamos a sublinhar isto sem resultados. 

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