Tudo correu bem à seleção contra o Uruguai: Portugal venceu, classificou-se desde já para os oitavos de final e continua a superar alguma sonolência no estilo de jogo com vitórias. Temos de arranjar alguma coisa para discutir: que tal a autoria de um golo?
Cristiano Ronaldo eleva-se no ar, está sozinho, cabeceia e o guarda-redes uruguaio não tem hipótese. É golo! É golo de Portugal!
Ronaldo aponta o dedo para o ar - se for o primeiro a pedir talvez lhe seja já atribuído -, e corre para abraçar Bruno Fernandes, que o tinha "assistido", pois claro. Bruno recebe-o de braços abertos, é uma alegria, é golo de Portugal!
Nada pode estragar este momento, a não ser a FIFA. Minutos depois, a informação chega: o golo é de Bruno Fernandes, afinal a assistência não foi um cruzamento bem medido, ou melhor, até foi, na medida em que acertou... nas medidas exatas da baliza. É golo de Bruno Fernandes, é golo de Portugal!
O jogo continua, Cristiano até sai e vai para o banco continuar a torcer pelos colegas, porque o seu contributo já estava dado. É penálti, Bruno Fernandes marca - do banco não dá para reivindicar nada - e é novamente golo. O médio bisa, Portugal vence!
Bruno Fernandes é o melhor em campo, Portugal está nos oitavos de final do Mundial e na verdade não parece ter nada com que se preocupar se as vitórias continuarem a surgir mesmo quando não se joga assim tão bem.
Mas esperem, de quem foi o golo, afinal? Cristiano Ronaldo diz que foi dele, Bruno Fernandes não quer saber. Antes do Mundial, também Cristiano Ronaldo dizia que não era o recorde de golos pela seleção em Mundiais que lhe ia tirar o sono (Eusébio tem nove, num só Mundial; CR7 tem oito, vai na quinta participação).
Ninguém terá ficado sem dormir, mas hoje a FIFA e a Adidas já vieram pôr um ponto final na interessante conversa: as mais altas tecnologias garantem que Cristiano Ronaldo não tocou na bola. Mas se pensam que vai ser um sensor na bola a calar Piers Morgan, estão muito enganados.
