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Comentadora CNN

As pazes com a camisa verde e amarela

25 nov 2022, 12:42
Richalison (Imagem AP)

Aos poucos, a clássica camisa da seleção brasileira volta a ser símbolo de orgulho e não de autoritarismo

A clássica camisa da seleção brasileira é inconfundível. Deve ser muito raro alguém que não conheça a verde e amarelinha, que tanto já deu alegria aos brasileiros, o país do futebol e vencedor de cinco Mundiais. No entanto, nos últimos anos, o uso da camiseta virou símbolo de um falso patriotismo, que é, na verdade, fanatismo político e associação ao autoritarismo.

Isso está mais do que provado nos atuais protestos desde o resultado das eleições 2022: pessoas ajoelhadas rezando e pedindo um golpe militar, gritando desesperadas como se houvesse algum perigo comunista à vista e prejudicando a vida das pessoas, como de uma criança que precisava de uma séria cirurgia no olho e foi proibida de passar pelos bloqueios golpistas.

Na linguagem dos jovens nas redes sociais, quem não alinha com esse extremismo “pegou ranço” da camisa da seleção brasileira já algum tempo. Automaticamente, ao ver alguém usando a camiseta, associa ao bolsonarismo. Em clima de Copa do Mundo, há quem ainda esteja “traumatizado” e use os símbolos com avisos adicionais. É o caso de um torcedor que estendeu a bandeira do Brasil na sacada do apartamento, com o singelo aviso “é por causa da Copa”, para não correr o risco de ser associado ao bolsonarismo. 

 

 

Esse é um movimento que já ocorreu nas eleições. Em Lisboa, por exemplo, muitos eleitores foram votar com a camiseta do Brasil, mas com adesivos de outros candidatos, como forma de mostrar que não eram apoiadoras de Bolsonaro, que foi derrotado nas urnas este ano. É uma maneira, ainda tímida, de resgatar este importante símbolo nacional, que foi sequestrado pelo movimento bolsonarista. 

Acredito que está mais do que na hora de fazer as pazes com a bandeira do Brasil, o hino nacional e a camisa da nossa seleção. São símbolos lindos e poderosos de um país gigante, resiliente e bonito como é o nosso. Uma onda verde e amarela nas arquibancadas dos jogos, nos bares, nas ruas, nas casas precisam ser sinais de união e alegria, não de autoritarismo. É quase uma nostalgia de outros tempos de paz no Brasil.  

Foi emocionante ver o golaço de Richarlison no primeiro jogo da nossa seleção na quinta-feira (24), que rendeu uma das imagens mais bonitas da Copa do Mundo até agora. É muito simbólico ver a camisa da seleção brasileira em jogadores que de fato representam valores de união, solidariedade e apoio às causas sociais, algo que o Brasil tanto precisa. 

Aos poucos, a clássica camisa da seleção brasileira volta a ser símbolo de orgulho e não de autoritarismo e fanatismo político. Quem sabe o bom e velho futebol e o orgulho pela seleção brasileira são poderosos o suficiente para ajudar na volta de um clima de paz e união entre os brasileiros. O Mundial 2022 é a oportunidade perfeita para isso. Se o Hexa vier, ainda mais!

* Amanda Lima escreve a sua opinião em Português do Brasil

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