Dinamarqueses irados e não só: como os países estão a reagir às imposições da FIFA

23 nov 2022, 23:41
Hadja Lahbib e Gianni Infantino

Não só os atletas que estão a encontrar outras formas de protestos, os políticos alemães e belgas assistiram aos jogos dos seus países com a braçadeira 'One Love'; Já a federação dinamarquesa não poupou nas críticas ao presidente da FIFA

A FIFA proibiu a utilização das braçadeiras «One Love» (um amor) em defesa da igualdade e que tem as cores da comunidade LGBTQ+. O organismo que tutela o futebol mundial ameaçou as seleções de Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça com sanções desportivas aos jogadores, o que fez as federações desses países recuarem.

Ora, a Alemanha encontrou outra forma de protesto e não deixou de aproveitar o palco onde estava. Os futebolistas foram, de resto, acompanhados pela Ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, que se apresentou na bancada com a braçadeira 'One Love'.
 

Tal como a Mannschaft, outras seleções já descobriram novas formas para apoiarem a causa a que se propuseram antes do torneio e o movimento está a tornar-se político. Quando a vontade é grande, há sempre solução, não é? 

 

Mais radical foi a posição tomada pelo presidente da federação de futebol da Dinamarca que deixou duras críticas ao presidente da FIFA, Gianni Infantino. 


«O que aconteceu é profundamente injusto. É condenável até. Vamos obter esclarecimentos legais sobre estas pressões. Não estou desapontado, estou furioso», começou por dizer Jesper Moller, citado pelo L'Équipe.

«Não estamos entre as 207 federações de um total de 211 que apoiam a recandidatura de Gianni Infantino à presidência da FIFA», acrescentou.

 

 

 

 

 

A Ministro do Interior alemã, Nancy Faeser, usou a braçadeira 'One Love' enquanto assistiu ao jogo da Mannschaft contra o Japão.


 

Moller revelou ainda que vai conversar com as outras seis federações acerca de qual a próxima decisão a tomar. «Precisamos de uma clarificação política agora. Vamos ter de reagir em conjunto com os outros seis países que consideraram usar a braçadeira.»

 

Apesar da proibição de usar as cores da comunidade LGBTQ+, a antiga Primeira-Ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, usou-a nas mangas enquanto esteve a assistir ao jogo com a Tunísia ao lado do presidente da FIFA.

Quem optou também por retirar o apoio a Infantino, seguindo o exemplo da Dinamarca, foi a Suécia.

«Apoiar Infantino? Tendo em conta o que aconteceu nos últimos dias, não seríamos capazes de o apoiar se as eleições fossem hoje», referiu o presidente da federação sueca de futebol, Karl-Erik Nilsson, em declarações à agência noticiosa TT.
 

Uma decisão que surpreende, tendo em conta que os suecos tinham manifestado vontade de apoiar a recandidatura do suíço em vésperas do arranque do torneio no Qatar. «Estamos dispostos a apoiá-lo se formos capazes de esclarecer algumas questões importantes», havia revelado a federação sueca.

 

O País de Gales, que também não usou a braçadeira do arco-íris contra os Estados Unidos, decidiu colocar essas cores nas bandeirolas de canto do seu local de estágio no emirado do Médio Oriente onde decorre a competição.

 

 

Já a Bélgica não se manifestou em campo, mas fê-lo nas bancadas através da Ministra dos Negócios Estrangeiros, Hadja Lahbib.

A política belga foi fotografada na tribuna do estádio Ahmad bin Ali com a braçadeira 'One Love' no braço e... em conversa com Infantino (ver foto que ilustra o artigo). Lahbib já tinha avisado que iria manifestar-se a favor dos direitos humanos e da comunidade LGBT+ antes de partir para o Mundial 2022.

«Vou viajar com uma mensagem clara e distinta sobre os direitos humanos, em especial sobre os direitos das mulheres e da comunidade LGBT+», alertou. 

A ministra dos Negócios Estrangeiros belga, Hadja Lahbib, questiona Gianni Infantino

 

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